São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Brasil silencia, mas avalia que Mubarak tem de sair ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA O Planalto e o Itamaraty concluíram que o ditador Hosni Mubarak não tem mais condições de se manter no comando do país. A avaliação é de que ele não se sustentará até as eleições de setembro, nem terá condições de eleger seu filho Gamal. A expectativa é de recrudescimento da crise. Com base nos relatos do embaixador brasileiro no Cairo, Cesário Melantonio, o governo avalia que os manifestantes que se dizem "pró-Mubarak" na verdade são policiais à paisana coordenados pelo novo ministro do Interior, Mahmoud Wagdi. Segundo Melantonio, o regime de Mubarak está tentando dissimular a sua ação contra os manifestantes. Primeiro, retirou a polícia e pôs o Exército. Depois, o Exército anunciou que se retirava. Agora, usa os policiais na rua travestidos de civis. A atitude de Mubarak gerou reuniões ontem no Planalto e no Itamaraty para "subir o tom" contra o regime. O governo brasileiro tem sido cauteloso ao se manifestar publicamente sobre a crise, sempre de forma mais amena que EUA e Europa. O Itamaraty chegou ontem a cogitar divulgar uma nova nota mais dura sobre a situação na região, mas no fim do dia voltou atrás por ordem do ministro Antonio Patriota. Desde que a onda de manifestações começou no Egito, o Ministério de Relações Exteriores divulgou duas notas. Ambas diziam que o governo acompanha com atenção a situação no país. Nas reuniões, analisou-se também que está se tornando inviável a realização da cúpula de chefes de Estado e governo dos países árabes e da América do Sul, marcada para o dia 16, em Lima. Na ONU, o Brasil avalia que, por enquanto, não é o caso de levar o tema ao Conselho de Segurança. O país assumiu anteontem, por um mês, a presidência do CS e passou a organizar sua agenda de debates. "Achamos que no momento a questão [egípcia] é mais bem abordada internamente. A situação é de acompanhar e ver como vai evoluir", afirmou a embaixadora brasileira nas Nações Unidas, Maria Luiza Viotti. Colaboraram JULIANA ROCHA, de Brasília, e CLAUDIA ANTUNES, do Rio Texto Anterior: EUA recomendam transição "para ontem" Próximo Texto: Ditador do Iêmen promete sair em 2013 Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |