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CONFLITOS
Governo diz controlar a situação desde o fim da tarde de ontem
Violência religiosa mata mais 35 na Índia
DA REDAÇÃO
Novos enfrentamentos violentos marcaram o dia de ontem no
Estado de Gujarat, no oeste da Índia, enquanto o premiê Atal Behari Vajpayee exortou a população a buscar a paz e enviou novas
tropas à região, que vive o pior
conflito religioso dos últimos dez
anos.
Apesar da intensa movimentação dos milhares de soldados
-fortemente armados- que estão em Gujarat, ao menos 35 pessoas foram queimadas vivas em
dois enfrentamentos distintos envolvendo hindus e muçulmanos.
O saldo dos quatro dias de violência religiosa é de cerca de 300
de mortos (a maioria dos mortos
é muçulmana), mas, segundo
moradores da região, ele pode ser
muito mais elevado.
Essa nova onda de violência religiosa teve início na última quarta-feira, quando, supostamente,
um grupo de muçulmanos ateou
fogo a um trem que transportava
fiéis hindus, matando 58 pessoas,
incluindo mulheres e crianças.
"Não importa que tipo de provocação seja feita. As pessoas devem manter a paz e demonstrar
moderação. Queimar pessoas, incluindo mulheres e crianças, é
uma vergonha para o país", declarou o primeiro-ministro num
pronunciamento transmitido por
todas as redes de televisão do país.
Mas, nas ruas, alguns membros
da maioria hindu indiana pareceram não dar ouvidos a seu apelo.
"Venha aprender conosco a queimar muçulmanos", dizia um jovem após pichar a mesma frase
num muro no vilarejo de Naroda,
situado na periferia da capital de
Gujarat, Ahmedabad.
Após o terceiro dia de violência,
anteontem à noite, já não havia
mais nenhum imóvel que não tivesse sido atacado no vilarejo de
Naroda.
"Existem momentos em que
um país é testado. Esse tipo de situação foi criado agora por causa
da violência em Gujarat", afirmou
Vajpayee.
Ontem ao menos 27 pessoas foram queimadas vivas num vilarejo de maioria muçulmana, e oito
outras perderam a vida da mesma
forma quando um grupo ateou
fogo a uma padaria.
As autoridades de Gujarat já interpelaram mais de 1.200 pessoas
desde o início dos conflitos religiosos e, por enquanto, parecem
ter conseguido evitar que a violência se alastre por outros Estados indianos. Impondo um toque
de recolher e autorizando as forças de segurança a atirar em
quem o desrespeitasse, elas conseguiram conter a violência na
noite de ontem. Duas pessoas que
violaram o toque de recolher foram mortas por policiais.
Templo hindu
O ataque ao trem da última
quarta-feira fez com que houvesse uma escalada da violência entre
hindus e muçulmanos. Mas a situação já era tensa, pois há uma
disputa sobre a eventual construção de um templo hindu num local em que existia uma mesquita.
Os milhares de soldados enviados à região não tinham conseguido conter a violência até a chegada de novos reforços no final da
tarde de ontem. De acordo com as
autoridades, novas tropas deveriam chegar à região durante a
madrugada de hoje.
Grupos armados bloquearam
uma estrada na tarde de ontem
para impedir que a polícia chegasse ao local dos enfrentamentos
mais graves, o vilarejo de Bijapur
(de maioria muçulmana).
"Os homens bloquearam uma
estrada e não permitiram que a
polícia chegasse ao local", afirmou Ashok Narayan, funcionário
dos serviços de segurança do governo. Ele acrescentou, porém,
que, mais tarde, a polícia conseguiu furar o bloqueio e chegou à
cidade, resgatando 40 pessoas que
estavam em perigo.
Enquanto uma calma relativa tinha sido restabelecida em Ahmedabad, onde boa parte das mortes
ocorreram, Narayan disse que a
situação na zona rural ainda era
"bastante ruim".
"Estamos tentando enviar reforços para essas regiões, além de
buscarmos incentivar o diálogo
entre grupo rivais. Tentaremos
montar comitês locais para discutir a paz. Esses comitês terão representantes de todas as comunidades e iniciarão o diálogo logo",
declarou Narayan à agência de
notícias Reuters.
Nas áreas de maioria hindu de
Ahmedabad, homens portando
pedaços de madeira e barras de
ferro vasculharam as ruas o dia
todo. Há rumores de que os muçulmanos possam organizar ataques retaliatórios. Contudo as
forças de segurança garantem ter
a situação sob controle.
De acordo com as autoridades
da cidade, grupos de muçulmanos de algumas áreas estão sendo
transferidos para regiões mais seguras -encraves muçulmanos
sob proteção máxima.
Com agências internacionais
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