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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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Sem bases turcas, EUA buscam alternativas

DA REDAÇÃO

O governo turco não deve reapresentar no "futuro próximo" ao Parlamento a proposta para abrir as bases do país aos soldados americanos que poderão lutar no Iraque, segundo o vice-líder do partido governista, Eyup Fatsa.
Isso torna praticamente certo que os EUA não poderão contar com o território turco para abrir uma frente norte no combate ao Iraque. A proposta havia sido derrotada por pequena margem no Parlamento anteontem, em uma votação controversa.
"A proposta foi adiada para uma data em aberto. Não há uma proposta para o futuro próximo", disse Fatsa. A declaração é o segundo revés em dois dias para os EUA, que haviam oferecido US$ até 30 bilhões em ajuda à Turquia em troca da aprovação do uso de suas bases.
Com a rejeição, o Pentágono diz que já desenha planos alternativos para a eventual ofensiva contra o Iraque. Mas, segundo analistas, a possível guerra será mais difícil e arriscada sem o uso do território turco.
Funcionários dos serviços de segurança dos EUA disseram, em condição de anonimato, que o general Tommy Franks, que comandará a possível guerra contra o Iraque, ainda não desistiu de obter o apoio da Turquia.
Numa entrevista na semana passada, Franks havia dito que seus planos são flexíveis e que levavam em consideração a ocorrência de problemas semelhantes.
Sem a opção planejada de basear a 4ª Divisão de Infantaria do Exército na Turquia, analistas consideram que Franks poderiam optar pelo uso da 101ª Divisão Aerotransportada, mais ágil e baseada no Kuait, para atacar o Iraque pelo norte.
Outro problema deve ser encontrar um local adequado para cerca de 200 caças que os EUA pretendiam deixar baseados no sul da Turquia. Segundo os analistas, outras bases na região do golfo Pérsico já estão saturadas.
"O general Franks não é alguém que se contenta com um só plano. Ele tem opções, então ele vai ter de buscar outras formas de fazer o que pretende", disse o general da reserva Joseph Ralston, para quem a guerra pode ser vencida "com ou sem a opção da frente norte".
Os EUA disseram ontem estar consultando a Turquia sobre "os passos futuros", após a votação do Parlamento. "Obviamente, estamos desapontados", disse um funcionário do governo americano. "Estamos consultando o governo turco sobre os próximos passos, no espírito da forte amizade e parceria estratégica entre os países", disse.
Membros do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), que lidera o governo turco, devem se reunir hoje para discutir a possibilidade de reapresentar a proposta, diante das pressões de Washington. O líder do partido, Recep Tayyip Erdogan, disse que ainda não havia nenhuma decisão a respeito. "Não se trata de uma decisão que possa ser tomada rapidamente", disse.


Com agências internacionais


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