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GUERRA SEM LIMITES
Métodos obscuros e falta de articulação entre agências marca o início do Departamento da Segurança Interna
EUA abrem o criticado ministério antiterror
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Desinformação e o não-cumprimento de algumas metas anunciadas pelo próprio presidente
George W. Bush marcam a estréia
formal, hoje, do novo Departamento da Segurança Interna dos
Estados Unidos.
O departamento nasce sob a
apreensão de grupos de direitos
civis, pois subordinará atividades
de agências como o Serviço Secreto e de Imigração dos EUA, além
de outras 22 áreas do governo.
Não está esclarecido, até aqui,
como se dará o controle público
sobre as atividades do departamento. Nem com que periodicidade e gerenciamento serão produzidos documentos que possam
ser escrutinados por meio do Foia
("Freedom of Information Act",
ou lei sobre a liberdade de informação), instrumento criado em
1966 que permite o acesso público
a arquivos governamentais.
Prisões, serviços de espionagem
e outras atividades que possam
violar direitos civis serão conduzidos pelo departamento.
A retórica oficial, com o secretário Tom Ridge à frente, anuncia o
departamento como a transformação mais significativa do governo desde que o presidente
Harry Truman convergiu as ramificações das Forças Armadas
no Departamento de Defesa, em
1947. Serão 60 mil pessoas envolvidas e um orçamento anual de
US$ 36 bilhões. Na prática, porém, funcionários das agências
reorganizadas reclamam que
pouca coisa mudou desde o
anúncio de sua criação, em 2002.
Não houve substancial troca de
informações e de orientação para
o trabalho do dia-a-dia. Os crachás das várias agências continuam os mesmos, e o novo departamento -cujo lema é "Não tenha medo. Esteja pronto"- vem
sofrendo uma série de críticas sobre seus métodos.
Em particular depois da gangorra em que se tornou a adoção
de códigos de segurança interna
nos EUA -foi de amarelo (elevado) para laranja (alto) e voltou ao
amarelo, sem maiores explicações, em fevereiro. Algumas das
orientações emergenciais à população tornaram-se alvo de piada.
Há duas semanas, durante a vigência do "código laranja", o secretário Ridge chegou a ser questionado na TV sobre como as pessoas poderiam sobreviver sem ar
fresco se atendessem à sua orientação de vedar totalmente, com fitas plásticas, cômodos da casa para a eventualidade de um ataque
biológico. Ridge foi evasivo.
Na vigência do mesmo "código
laranja", os americanos fizeram
enormes estoques de água e comida por orientação do departamento de Ridge. Na quinta-feira
passada, quando o código recuou
novamente para a cor amarela,
também não houve grandes explicações sobre o que teria levado
à diminuição do risco de ataques.
Ao mesmo tempo, os americanos fracassaram totalmente no
plano anunciado pelo próprio
Bush, há um mês, de imunizar,
em 30 dias, 500 mil funcionários
da área de saúde contra varíola.
Completado o prazo, no dia 24
passado, apenas 4.200 pessoas haviam tomado a vacina -sendo
que cerca de 30 delas apresentaram sérias reações adversas.
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