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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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ÁFRICA

É a primeira ida de um chefe de Estado francês ao país desde que este se tornou independente, em 62

Chirac dá início a visita histórica à Argélia

DA REDAÇÃO

O presidente Jacques Chirac iniciou ontem uma visita histórica à Argélia, a primeira de um chefe de Estado francês desde que o país africano se tornou independente, em 1962, após uma guerra de oito anos que pôs fim ao domínio colonial da França.
Cerca de 500 mil pessoas, concentradas nas avenidas do centro da capital, Argel, deram tratamento de herói a Chirac, que passou de limusine acompanhado do presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika. A multidão lançava confetes e agitava bandeiras dos dois países e retratos dos presidentes. Bandas de música pontuaram todo o cortejo.
Chirac, que lutou nas forças francesas durante a guerra de independência (1954-62), afirmou que a visita significava o "reencontro" de dois países com relações conflituosas.
A visita de Chirac era aguardada com entusiasmo pela população, que vislumbra uma oportunidade de desenvolvimento econômico.
A posição de Chirac contra uma eventual guerra no Iraque, confrontando os EUA, também reforçou a popularidade do presidente francês no país.
A visita de Chirac representa, ainda, apoio ao esforço de Bouteflika de dar um fim às milícias islâmicas.
Na tentativa de derrubar o governo e estabelecer um Estado islâmico, as milícias rebeldes iniciaram uma onda de violência pelo país, matando cerca de 120 mil pessoas desde 1992. À época, o Exército anulou uma eleição então liderada por um partido fundamentalista muçulmano.
Bouteflika tentou reconciliar o país, oferecendo anistia aos rebeldes que entregassem as armas. Mas muitos argelinos vivem apavorados com o perspectiva de que ex-rebeldes possam estar vivendo entre eles. Ainda que menor, a violência ainda persiste no país.
Algumas companhias francesas retomaram suas atividades no país, algo que Chirac quer estimular ainda mais.
Durante a visita, que deverá durar três dias, os dois presidentes deverão assinar uma declaração política comum de amizade.
Também será assinado um tratado para a reestruturação do setor bancário e para a melhora a qualidade de vida no país africano, como na distribuição de água.
Uma declaração comum que deverá ser divulgada no final da visita prevê o aprofundamento do diálogo político, com a realização anual de encontros entre os chefes de Estado dos dois países e o aumento da cooperação econômica.
A França é o primeiro parceiro comercial da Argélia e as trocas comerciais entre eles aumentaram cerca de 80% desde 1999.
Chirac e outros presidentes chegaram a viajar à Argélia antes, mas essa é a primeira com status de visita de Estado.


Com agências internacionais


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