São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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VENEZUELA

Ela terá de confirmar mais de 600 mil nomes, afirma órgão eleitoral

Oposição sofre derrota na Venezuela

DA REDAÇÃO

O número de assinaturas consideradas válidas recolhidas pela oposição ainda não é suficiente para a convocação do referendo sobre a permanência ou não do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no poder até o fim de seu mandato, em 2006.
A afirmação foi feita por Francisco Carrasquero, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) -órgão responsável pela avaliação do pedido de referendo.
Porém, segundo o presidente do CNE, a oposição poderá atingir o número de 2.437.080 de signatários necessários para a convocação do referendo durante o processo de confirmação das assinaturas, entre os dias 18 e 22.
Na primeira verificação, disse Carrasquero, foram consideradas válidas 1.832.493 de assinaturas. Outras 876.017 deverão ser confirmadas pelos signatários. E 376 mil foram anuladas. Caso os opositores consigam confirmar 604.587 assinaturas, o referendo poderá ser convocado.
Carrasquero é um dos três integrantes do CNE com posições consideradas pró-Chávez. Os outros dois têm visões mais próximas às da oposição. Mesmo assim, a decisão em relação às assinaturas rejeitadas foi unânime, segundo Carrasquero.
Os opositores consideram ilegal a exigência de que centenas de milhares de assinaturas sejam confirmadas e acrescentam que o objetivo do governo é ganhar tempo. A oposição diz ter recolhido mais de 3 milhões de assinaturas, todas elas válidas. "Os números [divulgados por Carrasquero] não são corretos", afirmou o líder opositor Andrés Velazquez.
A Constituição admite a possibilidade do referendo na metade do mandato presidencial, de seis anos. Se houver referendo antes de 19 de agosto e Chávez perder, haverá novas eleições. Se for depois dessa data e ele perder, quem assume é o vice-presidente, José Vicente Rangel, seu maior aliado, o que a oposição não quer.
Uma decisão final sobre a convocação do referendo somente será tomada após o processo de confirmação. Grupos radicais de oposição já dizem ter desistido de convocar o referendo e acham melhor manter a política de manifestações contra Chávez.
Caracas viveu um dia mais calmo do que os anteriores ontem, mas ainda havia focos de violência. Ao menos quatro pessoas morreram nos atos a favor e contra o governo desde sexta.
Já em outras dez cidades -entre elas a "capital do petróleo" Maracaibo-, os enfrentamentos aumentaram ontem, e a segurança precisou ser reforçada.
O governo de Chávez acusou prefeitos opositores de estarem fomentando atos violentos.
"É impressionante como alguns prefeitos estão permitindo a destruição de seus próprios municípios, de propriedades privadas e das ruas", disse o vice-ministro da Segurança, Valter Bettid. Manifestantes em algumas cidades impediram o funcionamento de bancos e o recolhimento de lixo.

Washington
Os EUA pediram ontem que o CNE realize a sua tarefa de examinar a possibilidade de convocação de referendo "de uma forma totalmente transparente". Washington expressou ainda a sua crescente preocupação pela situação na Venezuela, segundo afirmou porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Temos algumas preocupações reais", acrescentou.
Chávez afirma que os EUA querem intervir no país, apoiando os opositores. Para o presidente, os americanos participaram do golpe que chegou a derrubá-lo do poder por 48 horas em abril de 2002. Chávez faz constantemente declarações anti-EUA. Nesta semana, ele xingou o presidente George W. Bush de "idiota".


Com agências internacionais


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