São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

John Edwards, que disputava vaga, anunciará sua desistência hoje; virtual indicado apela para união contra Bush

Kerry é o candidato democrata à Casa Branca

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O pré-candidato John Kerry conquistou ontem a virtual indicação do Partido Democrata para concorrer contra o presidente republicano George W. Bush nas eleições presidenciais dos EUA em 2 de novembro próximo.
John Edwards, o único pré-candidato que ainda tinha pequenas chances de desafiar Kerry, anunciará hoje, na Carolina do Norte, por onde é senador, sua desistência, segundo membros do Partido Democrata. "Quero congratular John Kerry por sua forte campanha e pelos valores que ele representa", disse Edwards ontem à noite ao conhecer os resultados parciais desfavoráveis à sua candidatura nas votações em dez Estados dos EUA no processo de escolha do candidato democrata.
Kerry agradeceu a fala de Edwards e disse que "com um Partido Democrata unido em 2004, poderemos vencer as eleições". "Edwards traz uma voz relevante ao nosso país", disse Kerry, que elogiou também o ex-governador de Vermont Howard Dean, buscando unificar o partido.
Ao saber da definição no campo adversário, o presidente Bush telefonou para Kerry para parabenizá-lo pela virtual indicação.
Kerry venceu ontem as prévias democratas na maioria dos dez Estados que votaram na chamada "superterça". Edwards agora aspira entrar como vice na chapa do partido. A definição da candidatura democrata em torno do nome de John Kerry, 60, ocorreu 44 dias após o início do processo de escolha do candidato do partido.
Kerry é senador por Massachusetts há 19 anos e veterano condecorado na Guerra do Vietnã. É casado desde 1995 com Teresa Heinz, 65, que nasceu em Moçambique, fala português e é herdeira de uma das principais fortunas do setor de alimentação dos EUA. Os dois já se conheciam, mas se aproximaram durante a Eco-92, no Rio de Janeiro.
Foi uma das definições mais rápidas da história de prévias eleitorais norte-americanas e refletiu a união do Partido Democrata e de seu eleitorado em torno de um candidato viável e com chances de derrotar Bush em novembro.
Na contra-ofensiva, o Partido Republicano deve iniciar amanhã campanhas na TV com o objetivo de promover seu candidato à reeleição e "vender" Kerry como um político "liberal e repleto de contradições".
A candidatura Kerry, que será oficialmente confirmada na Convenção Nacional Democrata, em julho, terá agora de correr para tentar se equiparar aos US$ 130 milhões que Bush tem em caixa para gastar na campanha.
Resultados parciais da votação e pesquisas de boca-de-urna indicavam a vitória de Kerry em pelo menos 7 dos 10 Estados que votaram na "superterça". Kerry perdia em Vermont para o ex-governador do Estado Howard Dean, que anunciou a retirada de sua candidatura há duas semanas.
Por causa do fuso horário, não havia, até o fechamento desta edição, resultados ou projeções da Califórnia, o maior colégio eleitoral da "superterça", nem de Minnesota.
Os democratas comemoraram a definição como uma importante vitória também para o partido, que há menos de um ano estava dividido em torno de dez pré-candidatos. "Estamos vendo um milagre causado pela perspectiva de um enforcamento. Na minha vida inteira nunca vi o partido tão unido como agora", disse à Folha William Schneider, analista político da rede CNN.
Hoje a Presidência, as lideranças do Senado e da Câmara e a maioria dos Estados norte-americanos estão nas mãos do Partido Republicano, de Bush.
"Nunca vimos os democratas tão unidos. Eles se parecem mais com os republicanos em 2000, quando o partido se reuniu rapidamente em torno de Bush e tirou o Partido Democrata do poder após oito anos (do governo de Bill Clinton)", diz Norman Ornstein, analista da rede CBS e do American Entreprise Institute, "think-tank" republicano.


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