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ELEIÇÃO NOS EUA
John Edwards, que disputava vaga, anunciará sua desistência hoje; virtual indicado apela para união contra Bush
Kerry é o candidato democrata à Casa Branca
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O pré-candidato John Kerry
conquistou ontem a virtual indicação do Partido Democrata para
concorrer contra o presidente republicano George W. Bush nas
eleições presidenciais dos EUA
em 2 de novembro próximo.
John Edwards, o único pré-candidato que ainda tinha pequenas
chances de desafiar Kerry, anunciará hoje, na Carolina do Norte,
por onde é senador, sua desistência, segundo membros do Partido
Democrata. "Quero congratular
John Kerry por sua forte campanha e pelos valores que ele representa", disse Edwards ontem à
noite ao conhecer os resultados
parciais desfavoráveis à sua candidatura nas votações em dez Estados dos EUA no processo de escolha do candidato democrata.
Kerry agradeceu a fala de Edwards e disse que "com um Partido Democrata unido em 2004,
poderemos vencer as eleições".
"Edwards traz uma voz relevante
ao nosso país", disse Kerry, que
elogiou também o ex-governador
de Vermont Howard Dean, buscando unificar o partido.
Ao saber da definição no campo
adversário, o presidente Bush telefonou para Kerry para parabenizá-lo pela virtual indicação.
Kerry venceu ontem as prévias
democratas na maioria dos dez
Estados que votaram na chamada
"superterça". Edwards agora aspira entrar como vice na chapa do
partido. A definição da candidatura democrata em torno do nome de John Kerry, 60, ocorreu 44
dias após o início do processo de
escolha do candidato do partido.
Kerry é senador por Massachusetts há 19 anos e veterano condecorado na Guerra do Vietnã. É casado desde 1995 com Teresa
Heinz, 65, que nasceu em Moçambique, fala português e é herdeira de uma das principais fortunas do setor de alimentação dos
EUA. Os dois já se conheciam,
mas se aproximaram durante a
Eco-92, no Rio de Janeiro.
Foi uma das definições mais rápidas da história de prévias eleitorais norte-americanas e refletiu a
união do Partido Democrata e de
seu eleitorado em torno de um
candidato viável e com chances de
derrotar Bush em novembro.
Na contra-ofensiva, o Partido
Republicano deve iniciar amanhã
campanhas na TV com o objetivo
de promover seu candidato à reeleição e "vender" Kerry como um
político "liberal e repleto de contradições".
A candidatura Kerry, que será
oficialmente confirmada na Convenção Nacional Democrata, em
julho, terá agora de correr para
tentar se equiparar aos US$ 130
milhões que Bush tem em caixa
para gastar na campanha.
Resultados parciais da votação e
pesquisas de boca-de-urna indicavam a vitória de Kerry em pelo
menos 7 dos 10 Estados que votaram na "superterça". Kerry perdia em Vermont para o ex-governador do Estado Howard Dean,
que anunciou a retirada de sua
candidatura há duas semanas.
Por causa do fuso horário, não
havia, até o fechamento desta edição, resultados ou projeções da
Califórnia, o maior colégio eleitoral da "superterça", nem de Minnesota.
Os democratas comemoraram
a definição como uma importante
vitória também para o partido,
que há menos de um ano estava
dividido em torno de dez pré-candidatos. "Estamos vendo um milagre causado pela perspectiva de
um enforcamento. Na minha vida
inteira nunca vi o partido tão unido como agora", disse à Folha
William Schneider, analista político da rede CNN.
Hoje a Presidência, as lideranças do Senado e da Câmara e a
maioria dos Estados norte-americanos estão nas mãos do Partido
Republicano, de Bush.
"Nunca vimos os democratas
tão unidos. Eles se parecem mais
com os republicanos em 2000,
quando o partido se reuniu rapidamente em torno de Bush e tirou
o Partido Democrata do poder
após oito anos (do governo de Bill
Clinton)", diz Norman Ornstein,
analista da rede CBS e do American Entreprise Institute, "think-tank" republicano.
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