JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
de Nova York

Leah Rabin, viúva do primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin, acha que a única solução possível para a crise no Oriente Médio é a presença do presidente Bill Clinton na mesa de negociação.
``Minha grande esperança está depositada nele. Só com pressão internacional os atuais governantes de Israel vão recuar em algumas medidas absurdas e provocativas'', declarou a viúva.
Em entrevista coletiva em Nova York, Leah Rabin voltou a atacar o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
``Ele é responsável pelos atentados. Os palestinos só chegaram à violência porque foram atacados.''
``Você tem de ser cuidadoso com pessoas em situação delicada, como é o caso dos palestinos. Você tem de ser humano, não pode pisar em quem está por baixo.''
Para a viúva de Rabin, falta tato a Netanyahu. ``Concordo com ele que Jerusalém é e sempre será uma cidade nossa. Mas por que abrir túnel e fazer assentamentos num momento que já era delicado?'', perguntou.
``Quando ele assumiu o governo, prometeu dar paz com segurança. Onde está a paz? Onde está a segurança? Ele tem de entender que a terra não é mais importante do que a vida.''
Livro
O livro que Leah Rabin lançou nos EUA chama-se ``Rabin - Our Life, His Legacy'' ("Rabin - Nossa Vida, Seu Legado")
``É uma autobiografia que fala de nosso casamento, da vida de Yitzhak no Exército, sua carreira política, seu governo e sua morte.''
``No começo, abordo nossos primeiros anos de casados. Fui uma dona de casa em período integral. Mas, como ninguém está interessado nisso, a principal parte do livro é a que fala do processo de paz no Oriente Médio.''
Durante as negociações, Leah diz que seu marido chegou a ter dúvidas. ``Por muitos anos ele dizia que não apertaria as mãos de Arafat. Mas as coisas mudam. Como o próprio Yitzhak me disse, você faz as pazes com seu inimigo, não com seu amigo.''
``Demorou, mas Arafat percebeu que não podia combater Israel. E se você não pode combater alguém, a saída é juntar-se a ele.''

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