UOL


São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"DANO COLATERAL"

Mísseis americanos matam vários civis e ferem ao menos 25, dizem iraquianos

Ataque atinge maternidade em Bagdá

Jerome Delay/Associated Press
Criança iraquiana, que se feriu gravemente em bombardeio americano, continua na UTI em Hilla


DA REDAÇÃO

Mísseis dos EUA atingiram ontem uma maternidade mantida pelo Crescente Vermelho (equivalente, em países muçulmanos, à Cruz Vermelha) e outros prédios civis em Bagdá, matando várias pessoas e ferindo ao menos outras 25, segundo funcionários de hospitais e testemunhas.
Os ataques, que ocorreram na manhã de ontem (horário local), pegaram desprevenidos os motoristas que estavam na vizinhança da maternidade. Samia Nakhoul, repórter da agência Reuters, disse ter visto ao menos cinco carros queimados no meio de uma rua perto do hospital. Disse ainda que conversara com testemunhas que lhe disseram que os motoristas e passageiros desses carros tinham morrido queimados.
Moradores e médicos disseram que aeronaves americanas bombardearam a região de Mansour. A maternidade do Crescente Vermelho, um complexo de prédios de escritórios e as sedes de dois sindicatos teriam sido atingidos.
"Houve ataques aéreos. Ao menos 25 pessoas que trabalham ou vivem na região ficaram feridas. Três funcionários do Crescente Vermelho também ficaram feridos. Levamos todos os feridos a dois hospitais de Bagdá. Ainda não tenho informações sobre mortos", afirmou Abdel Hamid Salim, funcionário do Crescente Vermelho em Bagdá.
A fachada do prédio da maternidade, sua farmácia e sua sala de espera foram danificadas. O forro do imóvel desabou, e o chão ficou coberto de cacos de vidro, detritos e sangue dos feridos, segundo a repórter da Reuters.
"O forro caiu sobre nós. Cacos de vidro e detritos causaram cortes em muitos pacientes e funcionários da maternidade. As pacientes eram, em sua maioria, mulheres grávidas. Elas foram levadas a outros hospitais", disse o médico Mohammad Ibrahim.
Em Doha, no Qatar, o general Vincent Brooks não quis comentar o caso. Um comunicado oficial das Forças Armadas dos EUA afirmou que os aviões americanos tinham atacado a região de Khark, em Bagdá, na qual há um palácio governamental.
Se for confirmado, esse incidente será mais um fato negativo da campanha militar da coalizão anglo-americana no Iraque. Anteontem, ao menos 31 civis morreram e 310 ficaram feridos em ataques à cidade de Hilla (80 km ao sul de Bagdá), segundo o diretor do hospital local.

Bombas imprevisíveis
Os EUA disseram que estavam investigando se as mortes em Hilla se deveram a bombas de fragmentação, armas imprevisíveis que espalham centenas de "minibombas" por áreas grandes.
Pela primeira vez, ontem, oficiais do Comando Central dos EUA admitiram estar usando esse tipo de bomba -que pode matar muitos civis e cujo uso é criticado por entidades de direitos humanos- na invasão do Iraque. "É uma arma muito eficiente", disse o porta-voz Frank Thorp.
Anteriormente, incidentes em postos de controle geridos pelos americanos haviam causado a morte de ao menos oito civis iraquianos, entre eles mulheres e crianças. Esse tipo de incidente mina a campanha de relações públicas das forças americanas e britânicas, que visa atrair a opinião pública iraquiana ao esforço para depor o ditador Saddam Hussein.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Análise: Não há motivo para pânico
Próximo Texto: Punida em Bagdá, Al Jazeera pára trabalho no Iraque
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.