São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Suspeita de corrupção faz premiê irlandês renunciar após 11 anos

Bertie Ahern foi responsável por fechar acordo de paz com Irlanda do Norte

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro da República da Irlanda, Bertie Ahern, anunciou ontem que renunciará ao cargo no próximo 6 de maio, pondo fim a uma carreira política marcada pelo acordo de paz em 1998 com a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido. Ahern sucumbiu às acusações de ter recebido indevidamente US$ 880 mil de empresários em 1994.
Em declaração de dez minutos, o premiê, há 11 anos no poder e cujo mandato iria até 2012, negou ter praticado atos de corrupção ou ter misturado sua vida privada com os interesses públicos.
Os partidários de Ahern argumentam que suas finanças particulares entraram em colapso quando ele se divorciou de sua primeira mulher e fechou as contas bancárias conjuntas que tinha com ela.
Um empréstimo que ele pediu foi creditado em contas pertencentes a suas duas filhas e a sua namorada. O escândalo, eclodido em setembro do ano passado, foi recentemente agravado pelo depoimento de uma ex-secretária.
Ahern será sucedido por seu ministro das Finanças e vice-premiê, Brian Cowen, um dos dirigentes de seu partido, o Fianna Fail, que encabeça coalizão com duas siglas menores.
O ex-premiê britânico Tony Blair, parceiro dele nos acordos da Irlanda que permitiram o desarmamento do IRA (Exército Republicano Irlandês, grupo responsável por uma longa sucessão de atentados terroristas), qualificou a biografia política de Ahern de "admirável".
"Ele sempre será lembrado pelo papel crucial em pacificar a Irlanda do Norte", disse Blair.
Ian Paisley, que liderava os radicais protestantes na época do Acordo da Sexta-Feira Santa (o nome do texto de 1998), disse ter apreciado negociar com Ahern, porque ele reconheceu a legitimidade dos partidários da preservação da união com o Reino Unido e do irrealismo da reunificação das duas Irlandas, que teriam uma maioria católica.


Com agências internacionais


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