São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Acusado de corrupção, dissidente chavista é preso

Advogado diz não saber para onde general Baduel foi levado

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Rompido com o presidente Hugo Chávez desde 2007, o ex-ministro da Defesa Raúl Baduel foi preso ontem pela Diretoria de Inteligência Militar (DIM).
O general aposentado é acusado de desviar dinheiro das Forças Armadas venezuelanas e de não obedecer às intimações para depor.
"Há um processo contra o general Baduel por suposta subtração de bens e valores pertencentes à Força Armada Nacional Bolivariana", disse o procurador-geral militar, general Ernesto Cedeño.
Ele afirmou que a prisão é constitucional e se recusou a dar detalhes da investigação em curso contra o ex-ministro. Informou ainda que o próximo passo será uma audiência nos próximos 30 dias, na qual serão apresentadas as acusações.
Baduel foi preso enquanto dirigia, a poucas quadras de sua casa, em Maracay (110 km a oeste de Caracas). Segundo a sua mulher, Cruz María, a operação foi "violenta". "Eram muitíssimos funcionários, todos armados. Do lado direito, um funcionário me apontou uma arma na cabeça atrás do vidro, e outros três funcionários apontaram contra a cabeça do meu marido", disse ela à rádio Unión.
O advogado de Baduel, Omar Mora Tosta, disse à tarde que desconhecia o paradeiro de seu cliente e que ele vinha comparecendo a todas as audiências às quais era intimado. Ele acusou o processo de estar "cheio de vícios".
Em novembro, Baduel já havia sido detido por algumas horas, sob a mesma alegação de que não atendia às intimações da Justiça Militar. Um mês antes, ele havia sido formalmente acusado de ter desviados até R$ 11,4 milhões enquanto era ministro da Defesa, cargo que deixou em meados de 2007.
O rompimento com Baduel foi um dos mais duros golpes sofridos por Chávez em 2007, quando perdeu sua primeira eleição -foi derrotado no referendo sobre uma ampla reforma constitucional. Os dois militares eram aliados políticos desde 1982. O presidente venezuelano, que ontem estava em visita ao Irã, não comentou sobre a prisão de seu ex-ministro.


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