São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Detido em escândalo diz ter feito doação à campanha pró-Uribe

Dono de empresa de esquema de pirâmides financeiras afirma ter dado R$ 4,5 milhões para promover 3º mandato na Colômbia

Empresário é acusado de lavagem de dinheiro; verba teria financiado transporte de assinaturas para propor referendo sobre re-reeleição

DA REDAÇÃO

A campanha para aprovar um referendo que abre caminho para um terceiro mandato para o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi abalada ontem por acusações do dono de uma empresa envolvida no escândalo das "pirâmides financeiras" no país e acusada de lavar dinheiro do narcotráfico. David Murcia, da financeira DMG, afirmou ter doado R$ 4,5 milhões para a iniciativa.
O empresário, que está preso desde novembro, disse à revista local Cambio que colaborou logisticamente na coleta de assinaturas -mais de 5 milhões delas- para propor o referendo no Congresso. O trabalho foi coordenado pelo uribista Partido Social da Unidade Nacional (Partido de la U) em 2008.
"Fizemos o transporte de assinaturas. Isso vale um dinheiro, porque é em nível nacional. Aprovei recursos para que comprassem camisetas e bonés", afirmou Murcia. "Em política começam com uma coisinha e logo pedem mais."
O escândalo da quebra das pirâmides financeiras estourou em novembro passado, quando as empresas ruíram levando cerca de US$ 2 bilhões em depósitos, a maioria de pessoas de baixa renda. A DMG era uma das companhias no esquema. Murcia e diretores da empresa tiveram a extradição pedida por um tribunal de Nova York sob a acusação de lavarem dinheiro para o narcotráfico.
A defesa de Murcia acusou Uribe e José Obdulio Gaviria, um de seus assessores mais próximos, de terem informações sobre a doação. Um promotor do referendo, Carlos Alberto Jaramillo, rebateu e disse que Murcia é "mitômano".
De posse das 5 milhões de assinaturas, o Partido de La U apresentou no Parlamento, como iniciativa popular, a proposta para o referendo sobre re-reeleição para presidente -com apoio tácito de Uribe. O projeto foi aprovado na Câmara em dezembro. O uribismo, porém, não se entendeu e aprovou a consulta para 2014. O projeto está no Senado.
A iniciativa já vinha enfrentando questionamentos legais. O Conselho Nacional Eleitoral investiga se a mobilização usou financiamento ilegal e se seus coordenadores tiveram acesso a informação privilegiada sobre o registro eleitoral o país.

Massacre indígena
Lideranças indígenas disseram ontem ter recuperado os corpos de oito índios awa que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) admitiram terem matado no sul colombiano em fevereiro em punição por colaborarem com o Exército. Duas das vítimas, mulheres grávidas, tiveram os fetos retirados da barriga.


Com agências internacionais


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