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TRAGÉDIA
Polícia atira para o alto para dispersar manifestação
Falta de assistência após tremor provoca revolta em cidade turca
DA REDAÇÃO
A polícia atirou ontem para o
alto diante dos protestos de vítimas do terremoto da madrugada
de anteontem em Bingol, na Turquia, enquanto as equipes de socorro tentavam resgatar cerca de
30 crianças soterradas nas ruínas
do dormitório de uma escola.
Os trabalhadores começaram a
usar equipamentos pesados para
remover os destroços do prédio
de quatro andares. "Por que você
o está cortando em pedaços?",
gritou Fethi Ketenalp, pai de um
garoto de 14 anos desaparecido
sob os escombros, que se jogou
diante da escavadeira.
Cachorros adestrados e equipamentos de escuta não identificaram sinais de vida desde a manhã
de ontem. Mais cedo, um menino
de 13 anos foi resgatado: "No começo, todo mundo estava pedindo ajuda dos pais, mas, depois,
eles foram parando um a um",
contou Enes Gunce.
Muitos dos que perderam seus
filhos culparam a baixa qualidade
da construção pelo desabamento.
O ministro da Habitação e dos
Trabalhos Públicos, Zeki Ergesen,
disse que irá investigar. "Assassinos", gritava Gazan Gunalan, cujo
filho, Mehmet, 15, permanecia desaparecido. "Só sairei daqui depois de ver meu filho, ainda que
seja apenas seu corpo", disse.
Até ontem, 32 estudantes ainda
estavam desaparecidos; 117 haviam sido resgatados com vida e
49 morreram. As crianças tinham
entre 7 e 16 anos. O número oficial
de mortos subiu para 127. Cerca
de mil pessoas ficaram feridas e
milhares perderam suas casas.
A falta de alimentos, água e barracas provocou revolta entre os
moradores de Bingol, a cidade de
maioria curda mais atingida pelo
terremoto de 6,4 graus na escala
Richter que sacudiu o sudeste da
Turquia. Eles atiraram pedras
contra prédios públicos e pediram a renúncia do governador.
"Renuncie, renuncie", gritavam. Bingol é uma cidade pequena e pobre, de população majoritariamente curda, onde as lembranças de 15 anos de enfrentamentos entre rebeldes curdos e o
Exército turco, assim como a repressão que se seguiu, são fortes.
Husnu Avni Cos, o governador
local, acusou rebeldes curdos de
se aproveitarem da tragédia para
criar confusão. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, demitiu o chefe da polícia.
Com agências internacionais
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