São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Segundo "Newsweek", agência não informou o FBI sobre 2 sequestradores que agiram no 11 de setembro

CIA sabia que terroristas estavam nos EUA

France Presse
Familiar de vítima do World Trade Center lança flor na área do edifício durante ato em Nova York


DA REDAÇÃO

Meses antes dos ataques de 11 de setembro, a CIA, o serviço de inteligência norte-americano, sabia que dois dos sequestradores estavam nos EUA e tinham vínculos com a rede terrorista Al Qaeda. A informação consta de reportagem da revista "Newsweek" desta semana. Segundo a publicação, a CIA deixou de repassar essas informações para o FBI (a polícia federal dos EUA). Agentes do órgão agora afirmam que, se tivessem sido informados antes, poderiam ter evitado os ataques.
A CIA teria identificado um dos terroristas, Nawaf Alhazmi, poucos dias depois de ele comparecer a um encontro secreto da Al Qaeda na Malásia em janeiro de 2000. Agentes norte-americanos também teriam descoberto que um outro sequestrador, Khalid Almihdhar, havia obtido um visto de múltiplas entradas nos EUA.
A revista afirma que a CIA guardou para si essas informações. Não notificou o FBI, que poderia ter seguido os dois homens, nem o Serviço de Imigração e Naturalização, que poderia ter barrado sua entrada nos EUA.
Um ano e nove meses depois que a agência já os havia identificado como terroristas, Alhazmi e Almihdhar viviam nos EUA abertamente, utilizando seus nomes reais, tirando carteiras de motorista, abrindo contas bancárias e matriculando-se em escolas de aviação. Na manhã do 11 de setembro, eles embarcaram em um dos quatro aviões sequestrados, o vôo 77 da American Airlines, e se atiraram contra o Pentágono.
O secretário da Justiça dos EUA, John Ashcroft, disse que a "informação disponível não indica que houvesse uma probabilidade substancial de detectar [a preparação dos ataques terroristas]". A CIA não comentou a reportagem.
Autoridades americanas chegaram a renovar o visto de Almihdhar em julho de 2001, apesar de a CIA já ter relacionado seu nome como suspeito de envolvimento no ataque ao destróier USS Cole no Iêmen em outubro de 2000.
Agentes do FBI agora afirmam que os frequentes encontros entre os sequestradores de 11 de setembro teriam permitido que policiais federais chegassem a todos os terroristas. Mas o birô só começou a agir três semanas antes dos ataques, quando o diretor da CIA, George Tenet, informou que um atentado era iminente.
O FBI preparou organogramas que mostram como agentes talvez tivessem podido frustrar os ataques se tivessem sabido antes de Almihdhar e Alhazmi. Eles tinham contatos diretos com cinco outros sequestradores.
A administração Bush em geral e o FBI em particular vêm sendo duramente criticados pela forma como lidaram com informações referentes ao 11 de setembro. O órgão ignorou o memorando de um agente de Phoenix que alertava para o grande número de pessoas do Oriente Médio que frequentavam cursos de aviação. Além disso, o FBI cometeu erros nas investigações sobre Zacarias Moussaoui, indiciado por envolvimento nos ataques. Falhas de comunicação entre os diversos órgãos são objeto de investigação no Congresso.

Pesquisa
Segundo um levantamento publicado ontem pela CNN, 61% dos americanos dizem pensar sobre os ataques terroristas de 11 de setembro várias vezes por semana, e 57% acham que um novo ataque nos EUA é "muito provável".

Com agências internacionais


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