São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Grupo radical diz se aceita até fim da semana

Arafat faz convite a Hamas para integrar novo gabinete palestino

DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, ofereceu postos em seu gabinete para o Hamas e para outros grupos envolvidos nos ataques suicidas contra Israel. A iniciativa faz parte de uma reforma ministerial na ANP.
Três dos grupos radicais convidados pelo líder palestino já recusaram, dizendo que não integrariam um governo que negocia com Israel. O Hamas, contudo, não havia descartado a proposta.
Se o convite for aceito, será a primeira vez que o Hamas participa do gabinete desde o surgimento da ANP, há oito anos. A eventual entrada do grupo na ANP deve gerar protestos por parte de Israel e dos EUA, que o consideram uma organização terrorista.
"Ainda estamos fazendo consultas com nossos colegas dentro e fora da Palestina e daremos uma resposta antes do final desta semana", disse Ismail Hania, porta-voz da organização. O braço armado do Hamas é responsável pela maior parte e pelos mais mortíferos dos mais de 60 atentados suicidas de palestinos contra alvos israelenses no atual conflito. O grupo também vem rejeitando os pedidos de Iasser Arafat para suspender os ataques.
Sobre uma aliança com o Hamas, Danny Seaman, porta-voz do governo israelense, ameaçou: "Se é nessa direção que Arafat vai, não deve surpreender-se com a reação de Israel".
Em Israel, uma aliança Hamas-Arafat seria vista como uma aposta na via do conflito. Da perspectiva da ANP, porém, a entrada dos grupos radicais no governo pode ser uma forma de controlá-los.
A fim de tentar conter o conflito, vários diplomatas ocidentais têm passado pelo Oriente Médio. Arafat recebeu nos últimos dias o enviado especial dos EUA para a região, William Burns, e o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana. O diretor da CIA, George Tenet, deve chegar hoje. Diplomatas tentam organizar uma conferência internacional de paz que aconteceria, em princípio, no meio de julho.
Continuaram ontem as incursões de tropas israelenses em cidades palestinas. Em Nablus, na Cisjordânia, soldados detiveram mais de 60 suspeitos e apreenderam armas e munições. O Exército destruiu duas casas que supostamente guardavam munições no campo de refugiados de Balata.



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