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GUERRA SEM LIMITES
Cabul exige que americanos tomem medidas para evitar novas vítimas civis em ações equivocadas
Governo afegão condena ataque dos EUA
DA REDAÇÃO
Adotando um tom crítico inédito, o governo do Afeganistão
exigiu ontem que os Estados Unidos tomem todas as medidas necessárias para evitar que civis novamente sejam vítimas de ataques
americanos como o de anteontem, quando cerca de 40 pessoas
foram mortas em ação americana
durante casamento em vila afegã
a 280 km de Cabul.
O presidente do Afeganistão,
Hamid Karzai, comunicou a autoridades dos EUA a sua preocupação com o ataque de anteontem. "Todas as medidas necessárias devem ser tomadas para garantir que as ações militares para
capturar e combater integrantes
de grupos terroristas não deixem
vítimas civis", disse comunicado
do presidente divulgado ontem.
O chanceler afegão, Abdullah
Abdullah, disse que as ações contra a rede terrorista Al Qaeda e a
milícia extremista Taleban devem
continuar, porém as regras para o
lançamento de ataques americanos "precisam ser revistas".
O ataque americano atingiu
uma cerimônia de casamento e
teria ocorrido após forças americanas terem sido alvejadas. Como
no casamento os participantes
dispararam para o ar para celebrar, o que é comum na região,
pode ter havido uma confusão. Os
EUA não sabem informar ainda
se os disparos contra as suas forças teriam sido feitos no casamento ou por tropas inimigas.
No início, o governo americano
chegou a afirmar que uma bomba
errante teria atingido involuntariamente o casamento. Ontem,
porém, o secretário da Defesa,
Donald Rumsfeld, disse que investigações preliminares indicam
que disparos de um avião AC-130
causaram as mortes. Ele acrescentou ainda que demorará alguns
dias para ter uma conclusão. A
ação, disse, visava membros da Al
Qaeda e do Taleban.
"Essa situação precisa ter um
fim. Equívocos podem ocorrer,
mas nossa população precisa estar segura de que todas as medidas foram tomadas para evitar esse tipo de incidente", disse o
chanceler afegão. "Não há explicação para que os habitantes de
um país, que sofreram tanto com
a presença da Al Qaeda e do Taleban, agora serem vítimas de uma
campanha contra a Al Qaeda",
acrescentou Abdullah.
Além do episódio de anteontem, já aconteceram outros incidentes que causaram morte de inocentes na campanha americana. Anteontem, porém, foi a primeira vez que um duro comunicado foi emitido pelas autoridades afegãs. A atitude do governo afegão demonstra, segundo analistas, as pressões que o governo
de Karzai vem sofrendo de líderes tribais pashtus, etnia majoritária
no país. Ele estariam se opondo à presença prolongada das forças
americanas no país.para eles, ela prejudicaria o estabelecimento da
paz após 23 anos de sucessivas guerras.
Bin Laden
Abdullah disse ontem que acha que o terrorista saudita Osama bin Laden e o líder do Taleban mulá Omar estão vivos. "Mas não temos provas", afirmou.
Com agências internacionais
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