São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

EUA e Israel pressionam por mudanças

Autoridades dizem que Arafat demitiu chefe de segurança

DA REDAÇÃO

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, demitiu o chefe da segurança palestina na Cisjordânia, disse ontem o ministro de Obras Públicas palestino, Azzam al Ahmed. A demissão do chefe de polícia da faixa de Gaza também teria sido anunciada pelo líder palestino, segundo autoridades palestinas que não se identificaram.
O chefe da segurança palestina na Cisjordânia, Jibril Rajoub, disse não ter sido informado sobre a decisão de Arafat. Na faixa de Gaza, o chefe de polícia local, Ghazi Jibali, disse que as informações eram "rumores".
Rajoub é uma das mais poderosas figuras palestinas na Cisjordânia. Após o presidente dos EUA, George W. Bush, dizer recentemente que queria uma nova liderança palestina, o nome de Rajoub foi citado por analistas como um dos possíveis sucessores de Arafat. Em fevereiro deste ano, durante discussão, o líder palestino apontou uma arma para Rajoub, que não teria acatado suas ordens. Mais tarde, os dois teriam feito as pazes.
Arafat está sob pressão dos EUA e de Israel para reformar seus serviços de segurança. Os dois países querem uma nova e unificada força de segurança que combata com mais eficiência o terrorismo.
Em operação ontem em Hebron (Cisjordânia), os soldados israelenses prenderam 300 palestinos para interrogatório em busca de terroristas. Eles haviam aproveitado suspensão do toque de recolher para realizar os exames finais na universidade.
Após o interrogatório, a maior parte deles foi liberada. Israel realiza operação militar nas principais cidades da Cisjordânia há duas semanas, desde que atentados mataram 31 israelenses.

Pesquisa
Um estudo psicológico conduzido com 1.300 crianças indicou que 70% das crianças palestinas na Cisjordânia e 30% da crianças israelenses que vivem nos assentamentos judaicos sofrem de desordem do estresse pós-traumático, provocado pela violência que se arrasta há 21 meses.
As crianças que participaram do estudo contaram que sofrem pesadelos, desordens alimentares, ansiedade e um sentimento de perda. Todos esses são sintomas da desordem, afirma a psicóloga israelense Tamar Lavi, que iniciou a pesquisa há cerca de um ano, como parte da tese que redigiu para o Centro Adler da Universidade de Tel Aviv.
Desde setembro de 2000, as crianças israelenses e palestinas vêm sendo expostas a atentados suicidas, ataques com mísseis e tiroteios constantes.
Lavi constatou que, na Cisjordânia, as crianças palestinas foram expostas à média de dez incidentes violentos cada uma entre setembro de 2000 e julho de 2001. Nesse mesmo período, as crianças israelenses que vivem no bloco Gush Katif de assentamentos judaicos, na faixa de Gaza, foram expostas à média de 11 casos de derramamento de sangue.
O psicólogo Hassan Ziadah, do Programa de Saúde Mental, de Gaza, disse que as descobertas de Lavi são semelhantes às de um estudo realizado por seu centro, segundo o qual 90% das crianças palestinas que testemunharam a primeira Intifada, entre 1987 e 1993, manifestaram sintomas de estresse pós-traumático.
Ziadah disse que os profissionais de saúde mental de Gaza discutem se o aumento no número de palestinos que se dispõem a realizar atentados suicidas está relacionado a esse estresse sentido pelas crianças na época.


Com agências internacionais


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