São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Médicos são suspeitos de terror britânico

Entre os oito detidos até agora há pelo menos três médicos, incluindo dois árabes que trabalhavam em hospitais do Reino Unido

Um deles, iraquiano, tinha emprego em hospital perto de Glasgow e estava no carro em chamas lançado contra aeroporto da cidade

DA REDAÇÃO

As investigações sobre a ameaça que levou as autoridades do Reino Unido a subir para o nível máximo o alerta terrorista no país levaram à prisão de oito pessoas até a noite de ontem, incluindo pelo menos três médicos, dos quais pelo menos dois originários de países árabes.
Um dos médicos, Bilal Abdulla, é iraquiano e estava no carro em chamas que invadiu um terminal do aeroporto de Glasgow (Escócia), no último sábado. A polícia acredita que o atentado em Glasgow tenha ligação com os dois carros-bomba desativados na sexta-feira, após terem sido encontrados em uma área movimentada da vida noturna de Londres.
Além dos dois ocupantes do jipe que atingiu o aeroporto escocês no sábado, outros cinco suspeitos foram presos no fim de semana e um oitavo ontem à noite, na Austrália.
No sábado, em uma estrada do condado de Cheshire, no noroeste da Inglaterra, foi preso o médico jordaniano de origem palestina Mohammed Asha, 26, e uma mulher de 27 anos. Ele trabalhava em dois hospitais de Telford, na região.
No domingo foram presos dois homens de 25 e 28 anos, que a polícia não identificou, dentro do complexo hospitalar Royal Alexandra. Situado em Paisley, perto de Glasgow, é o mesmo hospital em que trabalhava o médico iraquiano Bilal Abdulla, que estava no jipe que atingiu o aeroporto.
A sétima pessoa detida, um homem de 26 anos, foi localizada em Liverpool no domingo. A polícia não o identificou. O site "Muslim News", da comunidade islâmica do Reino Unido, citou colegas do suspeito dizendo que ele é um médico originário de Bangalore, na Índia.
Ontem foi anunciada a detenção de um oitavo suspeito, de 27 anos, em Brisbane, na costa leste da Austrália. Também médico, ele trabalhava num hospital local e foi preso no aeroporto da cidade quando se preparava para deixar o país. Sua nacionalidade não foi divulgada.
Em sua edição de hoje, o jornal britânico "The Guardian" diz que seis dos oito suspeitos detidos são médicos -cinco empregados no Reino Unido e o que trabalhava na Austrália. O "Guardian" diz também que sete dos presos são estrangeiros e o oitavo é britânico naturalizado. As informações não haviam sido oficialmente confirmadas até o fechamento desta edição.

Médicos imigrantes
As prisões estão levando as autoridades britânicas a mudar novamente suas premissas na luta contra o terror. Dois anos atrás, a percepção sobre a ameaça terrorista em solo britânico mudou com os atentados suicidas que mataram 52 pessoas em Londres. Eles sugeriam que a maior ameaça não vinha do exterior, mas de grupos internos.
Agora, há indícios de que alguns dos envolvidos na trama atual são pessoas recentemente chegadas de países do Oriente Médio -e que alguns são profissionais da área de saúde.
Isso parece sugerir que os potenciais terroristas conseguiram entrar no país aproveitando um sistema que busca encorajar médicos estrangeiros qualificados a trabalhar no Reino Unido a fim de aliviar a escassez de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (NHS).
Se comprovado, o uso de especialistas médicos estrangeiros para missões terroristas talvez venha a resultar em uma revisão dos procedimentos de imigração de profissionais da saúde para o Reino Unido.
No domingo, o recém-empossado premiê britânico, Gordon Brown, disse que "está claro" que pessoas "associadas" à rede terrorista Al Qaeda estão por trás da ameaça. Temendo novos ataques, a polícia aumentou a segurança em torno dos aeroportos e o governo manteve o alerta terrorista no nível "crítico", o mais alto.


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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