São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Lula celebra ação; Brasil pode ajudar em novo diálogo

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o governo brasileiro, a libertação da ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt e de outros 14 reféns abre caminho para uma "pacificação total" da Colômbia. Segundo o chanceler Celso Amorim, o Brasil poderá ajudar nessas negociações, se assim for solicitado pelas partes.
A notícia da libertação dos reféns interrompeu a conversa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com He Guoqiang, membro do Partido Comunista da China, no Palácio do Planalto. Estavam presentes o chanceler Celso Amorim e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Segundo Amorim, Lula disse "que ótimo", ao ser informado, e determinou a confecção de uma nota. No documento, Lula manifestou sua "satisfação" com a notícia e expressou a "esperança" de que tenha sido dado um "passo importante para a libertação de todos os demais seqüestrados, a reconciliação de todos os colombianos e a paz na Colômbia".
O presidente não havia feito nenhum telefonema à Colômbia nem aos familiares dos reféns até o início da noite de ontem. Mas contatos neste sentido devem ser feitos nos próximos dias.
Em entrevista coletiva, o chanceler Amorim felicitou o governo colombiano pela operação e disse que o fato de não terem sido registradas mortes, segundo informações de Bogotá, "demonstra a eficiência do aparelho militar colombiano".
Para ele, a operação deixa claro que "não há futuro para esta luta armada" e que as Farc estão muito enfraquecidas -o que abre caminho para uma "saída negociada".
"Várias vezes perguntamos ao governo colombiano se os mesmos padrões oferecidos aos paramilitares [com os quais membros do governo Uribe são acusados de envolvimento] seriam também oferecidos para elementos das Farc caso eles se dispusessem a depor as armas, assumir compromissos. E sempre nos foi dito que sim", disse o chanceler. "Em face deste enfraquecimento das Farc, que é óbvio, em face desta disposição já revelada mais de uma vez pelo governo colombiano, eu tenho impressão que se abre um caminho para a pacificação", completou.
Amorim não quis comentar se as articulações que vêm sendo feitas pelo partido do presidente colombiano, Álvaro Uribe, no sentido de mudar a Constituição para lhe permitir disputar um terceiro mandato podem atrapalhar essas eventuais negociações com as Farc.
Já Marco Aurélio disse ter se sentido "muito aliviado" com a notícia da libertação dos reféns.


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