São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Ingrid pede respeito de mediadores a presidente

DA REDAÇÃO

Após seis anos de cativeiro, a recém-liberta Ingrid Betancourt tinha muito a dizer. Aos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador, a ex-senadora agradeceu pela mediação entre o governo e a guerrilha, destacando sua importância para o processo de paz na Colômbia.
Mas mandou um recado claro: "Os colombianos elegeram [Álvaro] Uribe, não as Farc", disse Ingrid, ressalvando que a mediação "deve respeitar a democracia colombiana".
Emocionada, a ex-candidata à Presidência agradeceu ao Exército, contou detalhes da operação, e elogiou o presidente colombiano pela decisão de autorizar um operação -as famílias dos seqüestrados se opunham com veemência a um resgate militar, por temerem a morte dos reféns.
Já no desembarque, em Bogotá, Ingrid falou com jornalistas. Mais tarde, concedeu entrevista à rede CNN. Veja algumas de suas declarações:

 

Chávez e Correa
"A intermediação do presidente [Hugo] Chávez e do presidente Rafael Correa é muito importante [para a paz na Colômbia]. Acho que eles são aliados importantes neste processo, mas sob a condição de que respeitem a democracia colombiana (...) Os colombianos elegeram Álvaro Uribe, não as Farc."

Uribe
"Eu sabia que Uribe tomaria essa decisão [de realizar um resgate militar]. Eu não poderia sair da selva de outra maneira."
"A reeleição foi muito boa para a Colômbia. Isso não que dizer que comungue com tudo o que o presidente Uribe fez."

"Circo"
"Eu pensei que fossemos encontrar delegados de uma comissão internacional. Mas saíam personagens absolutamente surrealistas do helicóptero [usado na operação]. Pensei: "Quem são eles? Será que vão colocar a gente em outro circo? Eu não quero mais isso."

Resgate
"O chefe da operação falou: "Nós somos o Exército nacional. Vocês estão livres". O helicóptero quase caiu do céu de tanto que pulávamos, gritando, chorando, abraçando uns aos outros. Não acreditávamos."
"Uma operação tão bem sucedida não tem precedentes."

Carceireiros
"De repente eu vi o comandante [César] que por quatro anos tinha sido o líder do nosso grupo, e que tantas vezes foi cruel e me humilhou, no chão, nu, com os olhos vendados."
"Os guerrilheiros que eram nossos guardas foram deixados vivos, e Deus queira que continuem assim e que não sejam julgados pelas Farc. [Eles] não têm culpa do que aconteceu."

Futuro político
"Ainda aspiro servir a Colômbia como presidente. Mas por hora, sou apenas mais um soldado."


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