São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Irã vê "clima melhor" em negociações com o Ocidente

Chanceler iraniano diz que última proposta nuclear terá resposta em breve e sugere retomada de vôos diretos aos EUA

Bush afirma que opção diplomática é prioritária; declarações surgem em meio a relatos de que Israel estaria preparando ataque

DA REDAÇÃO

O chanceler iraniano disse ontem ter detectado um "clima melhor" nas negociações com o Ocidente sobre o programa nuclear de seu país, numa declaração que coincidiu com o apelo por "mais diálogo" com Teerã lançado no mesmo dia pelo governo dos Estados Unidos.
As tensões vinham aumentando nos últimos dias devido a relatos de que Israel estaria planejando um ataque aéreo contra as instalações nucleares iranianas, o que causou alta no preço do petróleo.
Os EUA e as demais grandes potências acreditam que Teerã busca construir secretamente a bomba atômica. Teerã afirma que o programa nuclear iraniano, revelado por dissidentes em 2002, tem por objetivo apenas produzir eletricidade.
Mas Israel se sente ameaçado pelas declarações do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que nega a existência do Holocausto e defende abertamente a destruição do Estado Judaico.
Informações de que Israel realizou um grande exercício militar israelense sobre o Mediterrâneo, em 2 de agosto, alimentaram especulações de que Israel poderia estar preparando um ataque contra instalações nucleares iranianas ou pressionando os EUA a tomar medidas militares.
O temor de uma nova guerra foi reforçado por declarações de altos funcionários militares americanos e israelenses.
Na contramão das especulações sobre um conflito, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, disse ontem na ONU que "declarações e abordagens construtivas" haviam "aberto o caminho para a criação de uma nova atmosfera".
O chanceler se referia a uma carta entregue há duas semanas a Teerã pela União Européia, em nome de EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China, com uma oferta de incentivos, comerciais e outros, para tentar convencer Teerã a interromper seu programa nuclear. "Em breve responderemos à carta", disse Mottaki, que chamou de "loucura" a possibilidade de um ataque contra as centrais nucleares de seu país.

Distensão
Em declarações inéditas, o chanceler sugeriu a retomada dos vôos diretos entre Irã e EUA e disse que vê com bons olhos o projeto da Casa Branca de abrir um escritório de interesses comerciais no Irã, como o que há em Cuba desde 1977. Os EUA cortaram as relações com o Irã depois que islâmicos radicais mantiveram 52 reféns durante 444 dias em sua embaixada em Teerã, em 1979.
No mesmo tom apaziguador, o presidente americano, George W. Bush, reiterou que a diplomacia era a "opção preferencial" para tratar com o Irã, mas insistiu que Washington continua a manter "todas as opções em aberto".
A possibilidade de um ataque ao Irã a curto prazo foi descartada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas norte-americanas, almirante Mike Mullen, que esteve recentemente em Israel. "Estamos falando de uma parte muito instável do mundo. Não preciso que se torne ainda mais instável", disse Mullen.
O almirante afirmou que um terceiro conflito no Oriente Médio, além do Iraque e do Afeganistão, seria "extremamente desgastante" para os EUA e enfatizou que deseja ver a disputa com os iranianos resolvida por meios pacíficos.
Os EUA minimizaram as preocupações quanto ao possível fechamento por Teerã do estreito de Hormuz, uma importante rota petroleira, em caso de confronto militar com Israel ou com os EUA. "Nós não permitiremos que [os iranianos] fechem o estreito de Hormuz", disse o vice-almirante Kevin Cosgriff.


com agências internacionais


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