STEPHEN VINES
do "The Independent", em Hong Kong

Anos de rixas diplomáticas sino-britânicas foram postos de lado ontem, quando o presidente chinês, Jiang Zemin, inaugurou o novo aeroporto internacional de Hong Kong.
Durante sua construção, o aeroporto foi motivo de disputas que provocaram uma ruptura séria nas relações entre os dois países. A China acusou o Reino Unido de usar o aeroporto para esvaziar os cofres de Hong Kong, favorecendo as empresas britânicas que trabalharam no projeto.
O Reino Unido esperava poder concluir o aeroporto antes de se retirar da colônia, mas a China estava decidida a fazer com que o enorme projeto, cujo custo total chegou a US$ 20,3 bilhões, só fosse inaugurado depois da saída dos britânicos.
A escala do projeto inclui não apenas o aeroporto propriamente dito, mas também duas novas e enormes pontes suspensas para ligar o aeroporto ao continente, um sofisticado túnel por baixo do porto, uma nova ferrovia e um complexo de rodovias. Na época de sua construção, foi considerado o maior projeto de engenharia civil do mundo.
O principal terminal do aeroporto ocupa uma área na qual caberiam 86 campos de futebol, fazendo dele o maior edifício coberto do mundo. O terminal foi erguido num aterro e, para fazer esse aterro, foi preciso despejar no mar dez toneladas de terra por segundo durante 30 meses inteiros.
Mas ocorreram problemas com alguns detalhes do projeto. Um desses problemas, não previsto pelos responsáveis -todos homens-, é que o piso, muito brilhante, espelha as pessoas que andam em cima dele. Isso não é problema para quem usa calças, mas é motivo de constrangimento para mulheres de saias.
Quando for instalada outra pista de pouso e o terminal ficar ainda maior, o novo aeroporto terá capacidade para receber 87 milhões de passageiros por ano, além de 9 milhões de toneladas de carga. O problema é que outros aeroportos estão sendo reformados e construídos na região e vão competir com o de Hong Kong. Um novo aeroporto acaba de ser aberto em Kuala Lumpur, capital da Malásia, e Cingapura pretende ampliar seu aeroporto, que já é de categoria internacional.
Essa grande expansão na capacidade dos aeroportos asiáticos acontece num momento em que as viagens aéreas na região estão sofrendo uma redução acentuada. O novo aeroporto de Hong Kong, duas vezes maior do que o aeroporto atual, foi planejado com base em previsões de um aumento anual de 7,7% no número de passageiros.
O aeroporto será aberto ao público na próxima segunda-feira. Um enorme comboio de caminhões, balsas e aviões vai trabalhar durante o fim-de-semana para transferir equipamentos do velho aeroporto de Kai Tak, no centro da cidade, para o novo terminal.