São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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AMEAÇA NO CHÃO
Nobel da Paz diz que minas deixadas por forças sérvias precisam ser desarmadas antes do inverno europeu
Desarme de minas é desafio em Kosovo

das agências internacionais

As minas que foram colocadas em Kosovo têm de ser desarmadas antes da chegada do inverno, que no Hemisfério Norte começa em dezembro, para que os refugiados possam voltar a salvo para casa.
O alerta foi dado pela ativista antiminas e fundadora da Campanha Internacional pelo Banimento de Minas Jody Williams, que ganhou conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz em 1997 por sua militância. Jody estava ontem em Viena, Áustria, depois de uma visita de dois dias a Kosovo.
Para ela, será impossível limpar os campos minados uma vez que a neve cubra a Província.
"Até agora, ninguém sabe ao certo quão grande é o problema", afirma. "Há cerca de 425 campos minados, a maioria na fronteira com Macedônia e Albânia."
A ONU afirma que há cerca de 800 campos minados em Kosovo.
Autoridades militares ocidentais dizem não poder estimar ainda quantas minas as forças iugoslavas deixaram pela Província enquanto se retiravam. Minas e armadilhas foram colocadas aleatoriamente durante a retirada, muitas por iniciativa pessoal dos soldados.
Apesar disso, os militares que fazem o trabalho de limpeza dos campos afirmam que os mapas fornecidos pelos iugoslavos identificando as áreas minadas têm sido "bastante úteis".
Kosovo também está cheia de minas colocadas pelo ELK (Exército de Libertação de Kosovo, guerrilha separatista) e bombas da Otan não detonadas.
"Uma bomba de fragmentação não detonada é tão ruim quanto um campo minado", disse Jody.
A Kfor (força internacional de paz de Kosovo) relatou dezenas de casos de refugiados mortos e feridos por pisar em minas enquanto voltavam para casa.
Um porta-voz das forças alemãs da Kfor disse que foram contabilizados 119 corpos em uma vala comum de Celina, perto de Prizren, sudoeste de Kosovo.
Os alemães supõem que os corpos são de vítimas de atrocidades cometidas por forças sérvias contra a população de origem albanesa da Província.
A cidade se encontra também a cerca de 3 km de Velika Krusa, onde legistas britânicos exumaram mais de 150 corpos. Ainda está sendo investigada a causa da morte dos indivíduos enterrados.


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