São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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À BEIRA DA FALÊNCIA
Ogata diz não ter dinheiro

das agências internacionais

O Acnur (agência das Nações Unidas para refugiados) está à beira da falência devido às operações em Kosovo, disse sua mais alta autoridade, a japonesa Sadako Ogata.
Incumbida de levar de volta para Kosovo os cerca de 1 milhão de refugiados na região, a agência afirma ter dinheiro para continuar as operações por mais duas semanas.
Dos US$ 234 milhões necessários para continuar as operações até o final do ano, apenas US$ 155 milhões foram recebidos, afirmou o enviado especial do Acnur para Kosovo Dennis McNamara.
"Nós simplesmente não estamos recebendo dinheiro suficiente dos governos doadores para viabilizar nossas ações", disse McNamara.
"Estamos gastando US$ 10 milhões por semana e temos US$ 20 milhões disponíveis. Mas, se você pegar o dinheiro já comprometido, nós provavelmente teremos US$ 2 milhões em dinheiro, o que é nada."
Cerca de 233 mil refugiados ainda estão na Albânia, na Macedônia e em Montenegro esperando ajuda para o retorno.
Ogata começará uma viagem de dois dias à Província na segunda-feira. Será a primeira depois de o Acnur assumir as operações de retorno dos kosovares, em 13 de junho.
Ela acompanhará um comboio de refugiados que retornarão da Macedônia para Pristina.
A alta comissária advertiu que uma nova onda de refugiados possivelmente abandonará a Província. Cerca de 70 mil sérvios já teriam saído de Kosovo com medo de represálias dos albaneses que voltam.
"Temos de admitir que há violência contra os kosovares de origem sérvia que habitam a região", reconheceu McNamara.
Líderes kosovares sérvios e albaneses se encontraram ontem para discutir maneiras de acabar com a violência entre as etnias. Pelo lado sérvio estavam políticos de oposição ao presidente Milosevic e representantes da Igreja Ortodoxa, liderados pelo arcebispo Artemije. Pelo lado albanês, representantes do governo provisório montado pela guerrilha do ELK.
Eles fizeram uma declaração conjunta, depois de sete horas de negociações, pedindo paz.



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