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GOVERNO EM CRISE
Levy, contrário à forma como Barak negocia a paz, deixa o governo; Parlamento aprova antecipação de pleito
Ministro das Relações Exteriores de Israel renuncia
PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM
Israel ficou ontem ainda mais
perto de ter eleições antecipadas.
O chanceler David Levy renunciou. Sua saída coincidiu com
uma nova derrota do premiê
Ehud Barak no Parlamento -61
dos 120 deputados aprovaram,
em primeira leitura, um projeto
para a dissolução da casa e convocação de novo pleito.
Barak, entretanto, ainda terá pelo menos mais três meses de vida
no governo, durante o período de
recesso parlamentar de verão.
A renúncia de Levy debilita o
premiê. Suas críticas ao governo
dizem respeito principalmente à
decisão de Barak de negociar com
o líder palestino Iasser Arafat a divisão de Jerusalém.
Na véspera da cúpula de Camp
David, nos EUA, a coalizão de Barak já havia perdido três partidos
e metade de seus ministros. Na segunda-feira, o premiê presenciou
a derrota de seu candidato a presidente, Shimon Peres, contra um
político de direita de pouca expressão, Moshe Katsav.
A relação de Barak com o Parlamento está tão ruim que não se
sabe se ele conseguiria a aprovação dos deputados caso obtenha
um acordo com os palestinos.
Espera-se que, nos próximos
três meses, ele busque com ainda
mais obstinação um acordo de
paz. Dessa forma, convocaria eleições antecipadas que serviriam ao
mesmo tempo como um referendo sobre o tratado.
Há meses que Levy e Barak estavam em rota de colisão. As divergências ficaram ainda mais claras
quando o chanceler se negou a
acompanhar a delegação israelense que viajou a Camp David.
Shlomo Ben Ami, ministro da
Segurança Pública que se tornou
figura de destaque no diálogo
com os palestinos, é um forte candidato a substituir Levy na pasta
das Relações Exteriores. Outro
possível sucessor é o deputado de
centro-direita Dan Meridor.
Levy exigia que Barak formasse
um governo de união nacional
com o Likud (de direita, principal
partido de oposição), o que poderia significar a adoção de um tom
menos conciliatório no processo
de paz.
Apesar de ter sido uma votação
apenas preliminar, o resultado de
ontem em favor da antecipação
das eleições foi uma evidência de
que a oposição é capaz de reunir a
maioria necessária de 61 deputados para derrubar o governo.
Eleito em 1999 para um mandato de quatro anos, Barak tem agora três meses para costurar uma
nova coalizão.
Nesse período, deve pressionar
os palestinos a aceitarem um
acordo. E, então, convocar eleições -elas seriam apresentadas
aos eleitores como o prometido
referendo sobre o acordo de paz.
Mas suas chances de conseguir
resolver nesse espaço de tempo as
divergências remanescentes parecem ser mínimas. E, mesmo se
Barak chegar a um acordo, ainda
será alvo de acusações da direita,
que dirá que, com seu governo em
pedaços, ele se precipitou ao assumir "compromissos destrutivos"
para salvar a própria pele.
O premiê, porém, ainda não desistiu. Ontem, em tom de desafio,
Barak respondeu que as eleições
"estão mais longe do que vocês
pensam".
Tradução de Marcelo Starobinas
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