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Internet auxilia a extrema direita
DA REDAÇÃO
A Internet constitui o maior
obstáculo para quem deseja combater o radicalismo de extrema
direita, pois seu conteúdo está livre do controle público.
A afirmação é de Paul Spiegel,
presidente do Conselho Central
Judaico da Alemanha, que sustenta que todo material xenofóbico e
anti-semita deve ser retirado da
rede mundial de computadores.
Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - O que o sr. pensa do atentado a bomba ocorrido em Dusseldorf na semana passada?
Paul Spiegel - Não sei quem cometeu o atentado nem que razões
o motivaram. Sendo assim, não
desejo especular sobre o assunto.
Quero evitar que as pessoas fiquem histéricas com o caso antes
que saibamos quem cometeu o
atentado e, sobretudo, qual foi a
razão de seu ato terrorista.
Folha - Qual é a força dos radicais
de extrema direita na Alemanha?
Spiegel - Na Alemanha, existe
um número importante de pessoas de extrema direita. Lemos
diariamente nos jornais alemães
sobre casos de violência com motivação racial ou xenofóbica, que é
praticada por pessoas ou grupos
de extrema direita.
Há todos os dias notícias sobre
violência contra estrangeiros,
contra deficientes físicos, contra
judeus. Por exemplo, houve um
ataque a uma sinagoga em Erfurt
(Turíngia) há pouco tempo.
Podemos, portanto, afirmar
que o radicalismo de extrema direita é forte na Alemanha. Entretanto, após o atentado da semana
passada e graças à atuação da imprensa, a população tomou consciência de sua existência e está
pronta para enfrentá-lo.
Folha - O que pode ser feito para
impedir ações radicais por parte de
pessoas de extrema direita?
Spiegel - Uma campanha de esclarecimento é a primeira medida
necessária. Devemos deixar claro
para os alemães para onde a extrema direita pode nos levar e para onde nos levou no passado. Falo do nacional-socialismo (hitleriano), do ódio contra outras pessoas. Não apenas contra estrangeiros ou judeus, mas contra todos que não aderem aos princípios dos radicais de extrema direita. Trata-se de um ataque direto à democracia alemã.
Porém, hoje em dia, o maior
problema diz respeito à Internet,
pois ela é internacional e está livre
do controle público. Há cerca de
500 sites em todo o mundo que
veiculam conteúdo de extrema
direita, claramente anti-semita.
Alguns jovens utilizam a Internet
para compartilhar seu ódio racial
por meio de salas de bate-papo.
Essa questão é essencial, pois, no
passado, quando grupos de extrema direita se reuniam, a polícia
podia observá-los, vigiá-los.
Agora os radicais sentam-se
confortavelmente em frente ao
computador para falar de assuntos de seu interesse e marcar
eventos ou ações terroristas. E é
exatamente nas salas de bate-papo que se encontra o maior perigo. Infelizmente, não se pode
proibir sua existência. Os sites são
majoritariamente estrangeiros, e
aqueles que veiculam as coisas
mais graves são dos EUA. Ainda
mais grave é o fato de que o governo norte-americano não deseje
discutir medidas que possam impedir a propagação desses sites.
Aqui na Alemanha, por exemplo, é proibida a venda do livro
"Minha Luta", de Adolf Hitler.
Contudo os alemães podem comprá-lo com a simples utilização do
mouse do computador, pois ele é
vendido nos EUA. A Europa e os
EUA devem regulamentar a Internet e desenvolver tecnologias
para retirar dela o material de extrema direita.
(MSM)
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