São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Ação do Exército contra "rede terrorista local" vem em resposta a atentado do Hamas que matou 7 em Jerusalém

Ofensiva de Israel mata 3 em Nablus

DA REDAÇÃO

Israel lançou ontem uma operação para desmantelar uma "rede terrorista local" palestina em Nablus, na Cisjordânia. Foi a sua primeira grande retaliação ao atentado a bomba do grupo extremista palestino Hamas que matou sete pessoas nesta semana no refeitório da Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Nablus virou a capital do terror", afirmou o ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben Eliezer. A cidade foi declarada uma zona militar fechada. Mais de cem tanques foram utilizados. Soldados enfrentaram militantes no bairro velho (Casbah). Mataram três palestinos, feriram outros dois e prenderam pelo menos 30.
Quatro casas foram demolidas em três localidades da Cisjordânia -algumas delas pertenciam a familiares de integrantes de grupos extremistas, que ficaram desabrigados.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, criticou a destruição das casas, dizendo se tratar de um "crime contra a humanidade". "Peço uma rápida intervenção da ONU. Se eles não forem capazes de enviar forças, devem mandar observadores", declarou o líder palestino, ele próprio sob cerco militar em Ramallah.
Nablus (150 mil habitantes) já estava sob toque de recolher desde meados de junho, quando Israel decidiu reocupar sete das oito grandes cidades da Cisjordânia, em tentativa de impedir a entrada de suicidas em seu território.
Os serviços de segurança de Israel acreditam que a bomba utilizada no atentado de quarta-feira na universidade tenha sido preparada num laboratório escondido na Casbah de Nablus. Duas fábricas de explosivos clandestinas foram descobertas ontem no local.
Fontes médicas palestinas disseram que as tropas mataram um membro do Hamas em sua casa, na periferia de Nablus, além de dois palestinos que trocaram tiros com soldados na Casbah.
O Hamas afirmou ter atacado os estudantes -cinco americanos e dois israelenses morreram- em Jerusalém em retaliação a um bombardeio aéreo israelense em Gaza contra o líder de sua brigada militar. No ataque, outras 14 pessoas (nove crianças) morreram.
O ciclo de ataques e contra-ataques foi reiniciado no Oriente Médio num momento em que palestinos e israelenses esboçavam retomar o diálogo e declarar um cessar-fogo.
As duas partes se enfrentam na segunda Intifada (levante palestino contra a ocupação) desde setembro de 2000. Pelo menos 1.477 palestinos e 574 israelenses já morreram desde então.
Ontem, um mulher palestina de 85 anos se tornou mais uma vítima do conflito. Ela foi baleada por soldados quando caminhava à noite próximo a um assentamento judaico na faixa de Gaza. Seu filho negou a versão militar de Israel. Disse que ela foi atingida dentro de sua própria casa.
Além dela, mais um palestino morreu baleado quando tanques e blindados israelenses invadiram por algumas horas o campo de refugiados de Rafah, perto da fronteira com o Egito.

Deportação
O comandante das forças de Israel na Cisjordânia, general Yitzhak Eitan, assinou ontem ordens de deportação para a faixa de Gaza de dois familiares de terroristas. Forças de segurança prenderam recentemente na Cisjordânia 19 parentes de suspeitos, ameaçados de serem expulsos da região.
Israel argumenta que os dois homens a serem transferidos sabiam dos planos de seus irmãos -atualmente foragidos- para ataques a civis e nada fizeram para impedi-los. "Devemos enfatizar que os dois não estão sendo expulsos para fora do país, mas que a sua residência está sendo limitada à faixa de Gaza", disse um comunicado do Exército.
Grupos defensores dos direitos humanos criticam a iniciativa israelense. Afirmam que o país desrespeita o direito internacional ao promover punição coletiva contra as famílias dos suspeitos.
Advogados dos dois palestinos entraram com um recurso ontem numa corte militar israelense. Podem ainda apelar à Suprema Corte antes que as autoridades levem a deportação adiante.


Com agências internacionais

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