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ORIENTE MÉDIO
Ação do Exército contra "rede terrorista local" vem em resposta a atentado do Hamas que matou 7 em Jerusalém
Ofensiva de Israel mata 3 em Nablus
DA REDAÇÃO
Israel lançou ontem uma operação para desmantelar uma "rede terrorista local" palestina em
Nablus, na Cisjordânia. Foi a sua
primeira grande retaliação ao
atentado a bomba do grupo extremista palestino Hamas que matou sete pessoas nesta semana no
refeitório da Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Nablus virou a capital do terror", afirmou o ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben Eliezer. A cidade foi declarada uma
zona militar fechada. Mais de cem
tanques foram utilizados. Soldados enfrentaram militantes no
bairro velho (Casbah). Mataram
três palestinos, feriram outros
dois e prenderam pelo menos 30.
Quatro casas foram demolidas
em três localidades da Cisjordânia
-algumas delas pertenciam a familiares de integrantes de grupos
extremistas, que ficaram desabrigados.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser
Arafat, criticou a destruição das
casas, dizendo se tratar de um
"crime contra a humanidade".
"Peço uma rápida intervenção da
ONU. Se eles não forem capazes
de enviar forças, devem mandar
observadores", declarou o líder
palestino, ele próprio sob cerco
militar em Ramallah.
Nablus (150 mil habitantes) já
estava sob toque de recolher desde meados de junho, quando Israel decidiu reocupar sete das oito
grandes cidades da Cisjordânia,
em tentativa de impedir a entrada
de suicidas em seu território.
Os serviços de segurança de Israel acreditam que a bomba utilizada no atentado de quarta-feira
na universidade tenha sido preparada num laboratório escondido
na Casbah de Nablus. Duas fábricas de explosivos clandestinas foram descobertas ontem no local.
Fontes médicas palestinas disseram que as tropas mataram um
membro do Hamas em sua casa,
na periferia de Nablus, além de
dois palestinos que trocaram tiros
com soldados na Casbah.
O Hamas afirmou ter atacado os
estudantes -cinco americanos e
dois israelenses morreram- em
Jerusalém em retaliação a um
bombardeio aéreo israelense em
Gaza contra o líder de sua brigada
militar. No ataque, outras 14 pessoas (nove crianças) morreram.
O ciclo de ataques e contra-ataques foi reiniciado no Oriente
Médio num momento em que palestinos e israelenses esboçavam
retomar o diálogo e declarar um
cessar-fogo.
As duas partes se enfrentam na
segunda Intifada (levante palestino contra a ocupação) desde setembro de 2000. Pelo menos 1.477
palestinos e 574 israelenses já
morreram desde então.
Ontem, um mulher palestina de
85 anos se tornou mais uma vítima do conflito. Ela foi baleada por
soldados quando caminhava à
noite próximo a um assentamento judaico na faixa de Gaza. Seu filho negou a versão militar de Israel. Disse que ela foi atingida
dentro de sua própria casa.
Além dela, mais um palestino
morreu baleado quando tanques
e blindados israelenses invadiram
por algumas horas o campo de refugiados de Rafah, perto da fronteira com o Egito.
Deportação
O comandante das forças de Israel na Cisjordânia, general Yitzhak Eitan, assinou ontem ordens
de deportação para a faixa de Gaza de dois familiares de terroristas. Forças de segurança prenderam recentemente na Cisjordânia
19 parentes de suspeitos, ameaçados de serem expulsos da região.
Israel argumenta que os dois
homens a serem transferidos sabiam dos planos de seus irmãos
-atualmente foragidos- para
ataques a civis e nada fizeram para impedi-los. "Devemos enfatizar que os dois não estão sendo
expulsos para fora do país, mas
que a sua residência está sendo limitada à faixa de Gaza", disse um
comunicado do Exército.
Grupos defensores dos direitos
humanos criticam a iniciativa israelense. Afirmam que o país desrespeita o direito internacional ao
promover punição coletiva contra as famílias dos suspeitos.
Advogados dos dois palestinos
entraram com um recurso ontem
numa corte militar israelense. Podem ainda apelar à Suprema Corte antes que as autoridades levem
a deportação adiante.
Com agências internacionais
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