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VENEZUELA
Cinco pessoas foram feridas à bala; Justiça deve decidir em breve se indicia militares por golpe de abril contra Chávez
Chavistas e polícia trocam tiros em Caracas
DA REDAÇÃO
O governo venezuelano militarizou o centro e a zona oeste de
Caracas ontem depois que choques entre grupos civis armados e
policiais metropolitanos deixaram cinco feridos na madrugada.
A tensão no país aumenta enquanto se espera a decisão da Suprema Corte de indiciar ou não
quatro oficiais militares acusados
de responsabilidade pelo golpe de
Estado de abril, quando o presidente Hugo Chávez foi afastado
do cargo por dois dias.
O tiroteio da madrugada ocorreu quando uma patrulha da Polícia Metropolitana, controlada pelo prefeito de Caracas, o antichavista Alfredo Peña, foi emboscada
por partidários de Chávez na favela 23 de Janeiro, no oeste da cidade. Um policial e quatro civis
sofreram ferimentos à bala.
Segundo fontes policiais, os civis estavam portando "rifles de
assalto de alto calibre". "Eles estão
usando armas de guerra", reclamou o prefeito da capital venezuelana.
Peña acusa o governo de estar
por trás dos confrontos. Para ele,
os responsáveis pela emboscada
foram membros do grupo guerrilheiro urbano conhecido como
Tupamaros, que receberiam
apoio do Poder Executivo.
Um porta-voz dos Tupamaros
disse que o grupo nada tinha a ver
com os confrontos.
Anteontem, Peña havia acusado
o governo de promover uma
campanha de difamação contra a
Polícia Metropolitana. No dia anterior, quatro membros da corporação tiveram a prisão ordenada
por suposta responsabilidade por
duas das 18 mortes ocorridas durante as manifestações que antecederam o golpe de abril.
Membros do governo, por outro lado, dizem que a Polícia Metropolitana é que está alimentando a tensão no país, ao reprimir
de forma excessivamente violenta
as manifestações de rua.
Estado de exceção
O líder oposicionista Elías Santana fez uma declaração pedindo
calma e que os manifestantes não
"caíssem nas provocações de grupos violentos ligados a governistas". Santana teme que os distúrbios possam ser usados pelo governo para dar um autogolpe ou
decretar um estado de exceção.
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, enviou
cerca de mil soldados da Guarda
Nacional para as ruas e disse que
um estado de exceção não é cogitado.
O vice-presidente do país, José
Vicente Rangel, disse que os distúrbios estão controlados. Apesar
do tom tranquilizador das autoridades, logo diante da sede da Vice-Presidência policiais tiveram
de usar gás lacrimogêneo para
dispersar um grupo de manifestantes. Rangel estava tentando
dialogar com os manifestantes
quando a ação de dispersão começou.
O oposicionista Pablo Medina,
ex-dirigente do partido Pátria para Todos, disse que Chávez "está
tratando de justificar o estado de
exceção" ao estimular a ação dos
Círculos Bolivarianos, grupos civis de apoio ao governo.
Caracas foi palco de atos esporádicos de violência durante toda
a semana, enquanto a Suprema
Corte analisava se julgaria ou não
os quatro oficiais de alta patente
acusados de golpe. O governo
vem pressionando o Judiciário
para que o indiciamento seja feito. Uma decisão é esperada para a
semana que vem.
Transição
Chávez se encontrou ontem
com o embaixador americano em
Caracas, Charles Shapiro, para
pedir esclarecimentos sobre a
abertura do Escritório de Iniciativas de Transição, ligado à Agência
Internacional de Desenvolvimento do Governo dos EUA.
A notícia da abertura do escritório em Caracas gerou controvérsias, por causa da interpretação de
que a "transição" da nomenclatura poderia dar margem à interpretação de que os EUA estariam
participando de um plano da
oposição para derrubar Chávez.
Os EUA foram o primeiro país a
reconhecer o novo governo formado após o golpe e tiveram
atuação criticada no episódio.
Shapiro admitiu ontem que o nome do novo escritório deu margem a interpretações equivocadas, mas afirmou que elas são infundadas. "A idéia não é ajudar o
governo nem a oposição, mas fortalecer o sistema democrático."
Com agências internacionais
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