São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2007

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Coréia do Norte aceita parar plano nuclear

Sob acordo com os EUA, desativação de usinas atômicas deve ocorrer até o fim do ano; Pyongyang diz que receberá ajuda econômica

País também deve detalhar seu programa; novos pontos do acordo serão debatidos em 15 dias com EUA, Japão, Coréia do Sul, Rússia e China

DA REDAÇÃO

Mergulhada numa grave crise econômica, a Coréia do Norte aceitou detalhar e desativar todo o seu programa nuclear até o fim deste ano, informou ontem o principal negociador nuclear dos EUA e secretário-assistente de Estado, Christopher Hill, após dois dias de negociações entre os dois países em Genebra. Em troca, Pyongyang disse que receberá compensação política e econômica.
É a primeira vez que o país asiático concorda em fixar uma data para desativar suas usinas atômicas. Hill, que já havia dito anteriormente que não era possível uma normalização na relação entre os EUA e a Coréia do Norte sem um acordo nuclear, afirmou que as conversas foram "muito boas e muito substanciais". "À medida que nós pudermos apressar a desnuclearização, poderemos também apressar a normalização (das relações)", disse.
O representante da Coréia do Norte nas negociações, Kim Kye-gwan, disse à imprensa que estava "contente" com o resultado. "Nós concordamos em muitos assuntos. Mostramos clara disposição para detalhar e desmantelar toda a estrutura nuclear", disse ele, sem especificar uma data para o fim do programa. "Em troca, nós receberemos compensação política e econômica. Não seremos mais um país inimigo."
Há dois anos, a Coréia do Norte concordou em tomar parte nas negociações em seis partes -com EUA, Coréia do Sul, Japão, China e Rússia- para abandonar o seu programa nuclear em troca de benefícios econômicos e diplomáticos, mas o processo tem sido lento e enfrentado dificuldades.
Em outubro de 2006, o país se afastou do debate e testou um explosivo nuclear pela primeira vez, levantando suspeitas sobre sua real intenção.
Um novo acordo selado pelo grupo em fevereiro resultou na admissão de inspetores estrangeiros no país e no fechamento, em julho, do complexo de Yongbyon, que produzia plutônio com potencial para abastecer bombas, em troca de 50 mil toneladas de combustível.
Agora, a próxima fase do acordo determina o fechamento de todas as instalações nucleares em troca de 950 mil toneladas de combustível ou o valor equivalente em ajuda econômica.
Os EUA acreditam que o país tenha material nuclear suficiente para fazer oito ou nove bombas atômicas, além de um programa nuclear de urânio até agora não declarado.

Fora do eixo do mal
Apesar de não ter informado o que os EUA teriam oferecido em troca da nova promessa norte-coreana, Hill confirmou que os representantes dos dois países discutiram os termos sob os quais Washington tiraria a Coréia do Norte de sua lista de países que apóiam o terrorismo. Essa determinação impõe uma proibição na venda de armas e impede o país, já isolado economicamente, de receber certos tipos de ajuda dos EUA.
Hill disse que a declaração norte-coreana vai incluir também os programas de enriquecimento de urânio, que os EUA temem que possam ser usados para construir armas nucleares. O representante americano disse que é fundamental que Pyongyang liste todas as suas instalações nucleares aos interlocutores. Mais detalhes sobre o acordo serão acertados em uma reunião entre os seis países, que acontecerá na China, no meio de setembro.
O presidente americano, George W. Bush, que, em 2002, classificou Coréia do Norte, Irã e Iraque como um "eixo do mal", inicialmente se recusou a negociar com a Coréia do Norte. Agora, tem menos de 17 meses de governo para garantir o desarmamento nuclear do país por meio da diplomacia.
Um dia antes das negociações de Genebra, Washington anunciou um pacote de ajuda à Coréia do Norte. Recentemente, o país, que já sofre falta de alimentos, enfrentou enchentes que mataram ao menos 600 pessoas, desabrigaram centenas e destruíram colheitas.


Com agências internacionais


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