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Coréia do Norte aceita parar plano nuclear
Sob acordo com os EUA, desativação de usinas atômicas deve ocorrer até o fim do ano; Pyongyang diz que receberá ajuda econômica
País também deve detalhar seu programa; novos pontos do acordo serão debatidos em 15 dias com EUA, Japão, Coréia do Sul, Rússia e China
DA REDAÇÃO
Mergulhada numa grave crise econômica, a Coréia do Norte aceitou detalhar e desativar
todo o seu programa nuclear
até o fim deste ano, informou
ontem o principal negociador
nuclear dos EUA e secretário-assistente de Estado, Christopher Hill, após dois dias de negociações entre os dois países
em Genebra. Em troca, Pyongyang disse que receberá compensação política e econômica.
É a primeira vez que o país
asiático concorda em fixar uma
data para desativar suas usinas
atômicas. Hill, que já havia dito
anteriormente que não era possível uma normalização na relação entre os EUA e a Coréia
do Norte sem um acordo nuclear, afirmou que as conversas
foram "muito boas e muito
substanciais". "À medida que
nós pudermos apressar a desnuclearização, poderemos
também apressar a normalização (das relações)", disse.
O representante da Coréia do
Norte nas negociações, Kim
Kye-gwan, disse à imprensa
que estava "contente" com o resultado. "Nós concordamos em
muitos assuntos. Mostramos
clara disposição para detalhar e
desmantelar toda a estrutura
nuclear", disse ele, sem especificar uma data para o fim do
programa. "Em troca, nós receberemos compensação política
e econômica. Não seremos
mais um país inimigo."
Há dois anos, a Coréia do
Norte concordou em tomar
parte nas negociações em seis
partes -com EUA, Coréia do
Sul, Japão, China e Rússia- para abandonar o seu programa
nuclear em troca de benefícios
econômicos e diplomáticos,
mas o processo tem sido lento e
enfrentado dificuldades.
Em outubro de 2006, o país
se afastou do debate e testou
um explosivo nuclear pela primeira vez, levantando suspeitas sobre sua real intenção.
Um novo acordo selado pelo
grupo em fevereiro resultou na
admissão de inspetores estrangeiros no país e no fechamento,
em julho, do complexo de
Yongbyon, que produzia plutônio com potencial para abastecer bombas, em troca de 50 mil
toneladas de combustível.
Agora, a próxima fase do
acordo determina o fechamento de todas as instalações nucleares em troca de 950 mil toneladas de combustível ou o valor equivalente em ajuda econômica.
Os EUA acreditam que o país
tenha material nuclear suficiente para fazer oito ou nove
bombas atômicas, além de um
programa nuclear de urânio até
agora não declarado.
Fora do eixo do mal
Apesar de não ter informado
o que os EUA teriam oferecido
em troca da nova promessa
norte-coreana, Hill confirmou
que os representantes dos dois
países discutiram os termos
sob os quais Washington tiraria
a Coréia do Norte de sua lista de
países que apóiam o terrorismo. Essa determinação impõe
uma proibição na venda de armas e impede o país, já isolado
economicamente, de receber
certos tipos de ajuda dos EUA.
Hill disse que a declaração
norte-coreana vai incluir também os programas de enriquecimento de urânio, que os EUA
temem que possam ser usados
para construir armas nucleares. O representante americano disse que é fundamental que
Pyongyang liste todas as suas
instalações nucleares aos interlocutores. Mais detalhes sobre
o acordo serão acertados em
uma reunião entre os seis países, que acontecerá na China,
no meio de setembro.
O presidente americano,
George W. Bush, que, em 2002,
classificou Coréia do Norte, Irã
e Iraque como um "eixo do
mal", inicialmente se recusou a
negociar com a Coréia do Norte. Agora, tem menos de 17 meses de governo para garantir o
desarmamento nuclear do país
por meio da diplomacia.
Um dia antes das negociações de Genebra, Washington
anunciou um pacote de ajuda à
Coréia do Norte. Recentemente, o país, que já sofre falta de
alimentos, enfrentou enchentes que mataram ao menos 600
pessoas, desabrigaram centenas e destruíram colheitas.
Com agências internacionais
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