São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2000

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TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO
Violência cresce e atinge norte de Israel, com morte de 7 árabes israelenses; total de mortos vai a 48
Choques Israel-palestinos matam mais 19

France Presse
Palestino beija sua filha de 18 meses, Sara, antes de ela ser enterrada, em Nablus (Cisjordânia)


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Novos enfrentamentos entre israelenses e palestinos deixaram pelo menos 19 vítimas ontem -dez palestinos, sete árabes israelenses e dois judeus.
Já chega a 48 o saldo de mortos desde a última quinta-feira, nos choques mais sangrentos em quatro anos que atingiram os territórios palestinos, partes de Israel habitadas por árabes e Jerusalém. Ao todo, pelo menos 37 palestinos, 8 árabes israelenses e 3 judeus israelense morreram.
Um árabe de 13 anos foi morto perto do assentamento judaico de Netzarim (Gaza) em choques com metralhadoras entre palestinos e helicópteros israelenses, após o funeral de um policial palestino, com a presença de 10 mil pessoas.
Israel usou mísseis antitanque, helicópteros e metralhadoras nos conflitos de ontem.
Um palestino de 15 anos foi morto em Nablus e outro de 17 anos, em Jenin. Uma palestina de 18 meses morreu perto da aldeia de Qusra. Segundo seu pai, ela estava no banco traseiro do carro quando levou um tiro na cabeça.
Na Cisjordânia, um judeu de 30 anos foi assassinado na entrada do vilarejo de Bidya. A polícia disse que provavelmente ele havia sido atingido por palestinos. Trata-se do primeiro judeu civil a ser morto nos confrontos. Também na Cisjordânia, um soldado israelense foi morto perto da cidade de Beit Sahur.
A confrontação se iniciou na quinta-feira após visita do líder do Likud (maior partido da oposição israelense), Ariel Sharon, à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, local sagrado para judeus e muçulmanos.
Árabes israelenses intensificaram seu apoio aos palestinos, transformando parte do norte de Israel em zona de guerra.
Diversas estradas foram bloqueadas na região nos incidentes mais graves envolvendo árabes israelenses desde 1976, quando seis pessoas foram mortas durante protestos contra a desapropriação de terras árabes no norte.
Cerca de 20% da população do país, eles reclamam de discriminação. Ontem, um árabe israelense levou um tiro na cabeça na cidade árabe de Um al Fahem, em Israel, e três árabes israelenses morreram perto de Sakhnin (norte do país).
"Peço aos cidadãos árabes calma", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak.
"Parem de atirar em nossos soldados, idosos, jovens e mulheres. Retirem os soldados israelenses das cidades palestinas e dos campos de refugiados", disse o líder palestino Iasser Arafat, em comunicado, a Israel.
Segundo Barak, "o derramamento de sangue pode provocar grandes danos às chances de continuar o processo de paz".
Os EUA disseram que Arafat e Barak aceitaram um convite do presidente Bill Clinton para uma reunião. Eles devem encontrar amanhã a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright.
"Creio que poderíamos conseguir progressos amanhã (hoje)", declarou o presidente dos EUA, Bill Clinton. O Conselho de Segurança da ONU se reuniria ontem para buscar uma solução para o acirramento da violência.
A União Européia pediu a retomada das negociações de paz, enquanto os presidentes Hosni Mubarak (Egito) e Bachar al Assad (Síria), em encontro no Cairo, pediram a realização de uma cúpula árabe. Na Síria, no Iêmen, no Egito e no Líbano, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas para condenar "a violência e os massacres israelenses" de palestinos.
Nabil Shaat, ministro palestino da Cooperação, pediu à União Européia que participasse de "uma comissão de investigação para determinar as responsabilidades" nos atos de violência, além de enviar observadores internacionais para a região.


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