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ELEIÇÃO NOS BÁLCÃS
Presidente da Iugoslávia vai à TV atacar opositores; Oposição Democrática Sérvia inicia greve geral
Polícia de Milosevic prende 11 opositores
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Manifestações de desobediência civil e a prisão de 11 manifestantes marcaram ontem o primeiro dia da greve geral planejada pela oposição iugoslava contra Slobodan Milosevic, que fez um pronunciamento -seu primeiro
desde a divulgação dos resultados
das eleições do dia 24 de setembro- para atacar a Oposição Democrática Sérvia (ODS).
A agência estatal iugoslava
"Tanjung" informou que a polícia
prendeu pelo menos 11 pessoas
durante as manifestações de repúdio ao governo. Todos os presos são membros do partido de
Zoran Djindjic, líder da ODS.
Segundo a polícia de Milosevic,
nove pessoas foram presas em
Belgrado por "mau comportamento".
O órgão eleitoral iugoslavo
anunciou há uma semana que
Vojislav Kostunica venceu o primeiro turno com 48,96% dos votos, contra 38,62% de Milosevic,
resultado que obrigaria a realização de um segundo turno.
A ODS afirma que não irá participar de um segundo turno porque Milosevic teria fraudado os
resultados do primeiro turno. A
oposição diz que Kostunica obteve 54% dos votos, o que eliminaria a necessidade de nova votação.
Entre as manifestações de ontem houve bloqueio de estradas,
interrupção de combustível de
usinas termelétricas, passeatas e
greve em escolas.
Até a mídia estatal, importante
instrumento de Milosevic, se manifestou. Na Rádio Belgrado, 68
empregados dissidentes pediram
o reconhecimento da vitória de
Kostunica.
Em Belgrado, as demonstrações
de desobediência civil começaram com pouca adesão. As lojas e
as instituições estatais funcionaram normalmente durante todo o
dia. Somente no final da tarde,
cerca de 20 mil pessoas foram
protestar no centro da cidade.
Milosevic vai à TV
Milosevic começou seu discurso
dizendo que não iria desistir da
realização do segundo turno das
eleições presidenciais, marcado
para o próximo domingo.
Milosevic atacou a ODS e disse
que a oposição "recebe apoio e é
financiada pelos países da Otan
(aliança militar ocidental)".
Acusado pelo Tribunal Internacional da ONU para a ex-Iugoslávia de ordenar operações de "limpeza étnica" contra a população
de origem albanesa de Kosovo
(sul da Sérvia) durante a guerra de
1999, o presidente disse: "Após
dez anos de governo, deveria estar
claro para todos que eles (o Ocidente) não estão atacando a Sérvia por causa de Milosevic, mas
estão atacando Milosevic por causa da Sérvia".
Em clara tentativa de conseguir
votos com a intimidação dos eleitores, Milosevic disse que uma
Sérvia sem ele seria atormentada
por "violência constante".
Líderes da oposição comentaram que o presidente mostrou sinais de pânico em sua fala. "Seu
discurso foi a perfeita imagem do
ditador que, momentos antes de
ser deposto, em tom de misericórdia, pede ajuda à população que
aterrorizou por dez anos", comentou um partido da ODS.
Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu-se como mediador para solucionar o impasse
iugoslavo. "Estou preparado para
receber nos próximos dias os dois
candidatos que passaram para o
segundo turno das eleições para
discutir uma forma de resolver a
situação atual", disse Putin, reconhecendo indiretamente o resultado oficial da eleição.
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