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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Responsável diz não ser possível tirar conclusões 'ainda'; para Rumsfeld, será "infelicidade" se nada ficar provado

EUA não acham armas proibidas no Iraque

DA REDAÇÃO

Após três meses de trabalho e US$ 300 milhões gastos, uma equipe de 1.200 especialistas britânicos e americanos não conseguiu ainda achar nenhuma prova de que o Iraque mantivesse armas de destruição em massa. No mesmo dia, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, afirmou que será "uma infelicidade" se os argumentos usados para defender a invasão do Iraque se provarem improcedentes.
Em relatório de trabalho apresentado a duas comissões no Congresso, David Kay, o especialista da CIA que trabalhou como consultor do Grupo de Pesquisa do Iraque, afirmou que "não é possível tirar conclusões" sobre a existência do suposto arsenal. Mas ele enfatizou que o trabalho prosseguirá e que "em seis ou nove meses" espera poder fazer uma avaliação melhor.
A afirmação é semelhante àquela anunciada, no começo do ano, pelo então chefe de inspeção da ONU, Hans Blix, e desdenhada pelos governos dos EUA e do Reino Unido, que se diziam certos da existência do arsenal.
"Não achamos armas [proibidas] ainda", disse Kay em audiência fechada no Congresso, segundo uma versão de seu relatório, divulgada pela CIA, que exclui trechos confidenciais. "Mas ainda não chegamos ao ponto em que podemos dizer definitivamente se essas armas existem ou não, ou se elas existiam antes da guerra."
O especialista, no entanto, ressaltou que sua equipe encontrou "uma grande quantidade de equipamentos [relacionados ao suposto programa de armas proibidas] que não foram declaradas aos inspetores da ONU" -a equipe esteve no Iraque entre o fim do ano passado e o começo deste ano. Ainda assim, não é possível saber quando os itens foram usados pela última vez.
Sobre o suposto programa nuclear que Saddam estaria tentando reiniciar, segundo Washington, Kay disse que sua equipe "não achou nada que comprovasse algo além da possibilidade de uma tentativa muito preliminar".

Argumentação frágil
Antes de invadir o país, em março, Washington e Londres afirmavam que o então ditador Saddam Hussein não havia destruído o arsenal de armas proibidas -químicas e biológicas- que mantinha até a Guerra do Golfo (1991), conforme exigira a ONU.
Questionado se ainda acreditava na existência do arsenal proibido iraquiano, Rumsfeld afirmou, em entrevista concedida no Pentágono, que ainda não estava claro se as informações sobre o arsenal estavam "muito ou pouco erradas". "Se estavam muito erradas, será uma infelicidade", disse.
Segundo o jornal "The New York Times", a Casa Branca teria pedido ao Congresso a liberação de mais US$ 600 milhões a serem gastos na procura de provas do arsenal. O pedido não foi oficialmente confirmado.
Indagado sobre a verba, Rumsfeld respondeu se tratar de "informação confidencial".
O relatório apresentado ontem por Kay afirma haver ainda mais buscas a serem feitas.
Na semana passada, dois congressistas à frente da Comissão de Inteligência da Câmara, encarregada de analisar as informações usadas como base para as acusações do governo contra o Iraque, concluíram que os dados eram "imprecisos" e "circunstanciais", criticando o trabalho dos serviços de inteligência no caso.
Em carta enviada aos dois congressistas, o diretor da CIA, George Tenet, disse que "a comissão não está na posição de avaliar completamente o trabalho dos serviços de inteligência sobre as armas de destruição em massa do Iraque nem sobre suas ligações com o terrorismo".


Com agências internacionais

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