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IRAQUE OCUPADO
Responsável diz não ser possível tirar conclusões 'ainda'; para Rumsfeld, será "infelicidade" se nada ficar provado
EUA não acham armas proibidas no Iraque
DA REDAÇÃO
Após três meses de trabalho e
US$ 300 milhões gastos, uma
equipe de 1.200 especialistas britânicos e americanos não conseguiu ainda achar nenhuma prova
de que o Iraque mantivesse armas
de destruição em massa. No mesmo dia, o secretário da Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld, afirmou
que será "uma infelicidade" se os
argumentos usados para defender a invasão do Iraque se provarem improcedentes.
Em relatório de trabalho apresentado a duas comissões no
Congresso, David Kay, o especialista da CIA que trabalhou como
consultor do Grupo de Pesquisa
do Iraque, afirmou que "não é
possível tirar conclusões" sobre a
existência do suposto arsenal.
Mas ele enfatizou que o trabalho
prosseguirá e que "em seis ou nove meses" espera poder fazer uma
avaliação melhor.
A afirmação é semelhante àquela anunciada, no começo do ano,
pelo então chefe de inspeção da
ONU, Hans Blix, e desdenhada
pelos governos dos EUA e do Reino Unido, que se diziam certos da
existência do arsenal.
"Não achamos armas [proibidas] ainda", disse Kay em audiência fechada no Congresso, segundo uma versão de seu relatório,
divulgada pela CIA, que exclui
trechos confidenciais. "Mas ainda
não chegamos ao ponto em que
podemos dizer definitivamente se
essas armas existem ou não, ou se
elas existiam antes da guerra."
O especialista, no entanto, ressaltou que sua equipe encontrou
"uma grande quantidade de equipamentos [relacionados ao suposto programa de armas proibidas] que não foram declaradas
aos inspetores da ONU" -a equipe esteve no Iraque entre o fim do
ano passado e o começo deste
ano. Ainda assim, não é possível
saber quando os itens foram usados pela última vez.
Sobre o suposto programa nuclear que Saddam estaria tentando reiniciar, segundo Washington, Kay disse que sua equipe
"não achou nada que comprovasse algo além da possibilidade de
uma tentativa muito preliminar".
Argumentação frágil
Antes de invadir o país, em março, Washington e Londres afirmavam que o então ditador Saddam Hussein não havia destruído
o arsenal de armas proibidas
-químicas e biológicas- que
mantinha até a Guerra do Golfo
(1991), conforme exigira a ONU.
Questionado se ainda acreditava na existência do arsenal proibido iraquiano, Rumsfeld afirmou,
em entrevista concedida no Pentágono, que ainda não estava claro se as informações sobre o arsenal estavam "muito ou pouco erradas". "Se estavam muito erradas, será uma infelicidade", disse.
Segundo o jornal "The New
York Times", a Casa Branca teria
pedido ao Congresso a liberação
de mais US$ 600 milhões a serem
gastos na procura de provas do
arsenal. O pedido não foi oficialmente confirmado.
Indagado sobre a verba, Rumsfeld respondeu se tratar de "informação confidencial".
O relatório apresentado ontem
por Kay afirma haver ainda mais
buscas a serem feitas.
Na semana passada, dois congressistas à frente da Comissão de
Inteligência da Câmara, encarregada de analisar as informações
usadas como base para as acusações do governo contra o Iraque,
concluíram que os dados eram
"imprecisos" e "circunstanciais",
criticando o trabalho dos serviços
de inteligência no caso.
Em carta enviada aos dois congressistas, o diretor da CIA, George Tenet, disse que "a comissão
não está na posição de avaliar
completamente o trabalho dos
serviços de inteligência sobre as
armas de destruição em massa do
Iraque nem sobre suas ligações
com o terrorismo".
Com agências internacionais
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