DA REDAÇÃO

O cardeal austríaco Christoph Schönborn, um dos principais líderes católicos europeus, disse ontem que o papa João Paulo 2º, 83, "está se aproximado dos últimos dias e meses de sua vida". É o primeiro clérigo da alta hierarquia da Igreja Católica a admitir que o pontífice está morrendo.
As especulações sobre a piora do estado de saúde de João Paulo 2º -que, entre outros problemas, sofre do mal de Parkinson- têm aumentado nas últimas semanas. Em recentes aparições públicas, ele tem dado sinais de que está cada vez mais fraco.
"O mundo todo está testemunhando um papa doente, incapacitado e que está morrendo -eu não sei quão próximo da morte ele está. Ele está se aproximando dos últimos dias e meses de sua vida", disse Schönborn, arcebispo de Viena (Áustria), em entrevista à emissora de TV ORF.
Schönborn, 58, é cotado como um eventual candidato para substituir João Paulo 2º.
Após a entrevista, seu porta-voz, Erich Leitenberger, disse à agência Associated Press que os comentários "deveriam ser interpretados filosoficamente".

Enterrando jornalistas
Em atitude pouco comum, o monsenhor Stanislaw Dziwisz, assessor de João Paulo 2º desde que ele assumiu o papado, há 25 anos, minimizou ontem os problemas de saúde do pontífice.
Questionado sobre o estado de saúde do papa, Dziwisz se referiu aos comentários atribuídos nesta semana por uma revista ao cardeal alemão Joseph Ratzinger de que o papa "está mal".
"O cardeal Ratzinger estava chorando ontem [quarta-feira], explicando que nunca deu essa entrevista, apenas respondeu a alguém na rua dizendo "se o papa está doente, reze por ele'", disse.
"Muito jornalistas que, no passado, escreveram sobre a saúde do papa já estão no céu."
Ontem, num encontro de 15 minutos com o presidente da Lituânia, Rolandas Paksas, o papa parecia atento e relaxado. Ele ainda teve em outras três audiências.
Apesar da saúde frágil, João Paulo 2º terá uma agenda bastante intensa nas próximas semanas. Na próxima terça-feira, ele viaja a Pompéia (sul da Itália) e, em seguida, participa das celebrações em comemoração do 25º aniversário de seu papado.
O pontífice também presidirá, no próximo dia 21 de outubro, a posse dos 31 novos cardeais nomeados no último domingo.