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Sucessão aberta à diversidade
torna novo papa uma incógnita
HENRI TINCQ
DO "LE MONDE"
"Aquele que vai me suceder ainda nem é cardeal!", disse o papa
um dia, zombando dos jornalistas
que procuravam traçar prognósticos quanto ao seu sucessor. Estará o nome de seu substituto na
lista de 135 eleitores (e elegíveis)
que foi atualizada em 28 de setembro?
A hegemonia italiana foi derrotada em 1978, com a eleição de um
cardeal polonês. Desde então, a
"globalização" da Igreja Católica
atingiu um nível tal que nunca antes uma sucessão papal parece ter
estado tão aberta à diversidade
dos 59 países representados no
colégio eleitoral.
A escolha de um papa italiano
representaria uma garantia de experiência e, possivelmente, a promessa de um retorno a um pontificado mais modesto. O candidato favorito é Dionigi Tettamanzi,
69, arcebispo de Milão, hábil administrador de grandes dioceses
(Ancona, Gênova, Milão). Suas
chances podem ser grandes se ganhar força a idéia de que, para resolver as crises na cúpula da igreja, a solução seria um homem
acostumado a trabalhar em campo, encarnação da continuidade,
mas também capaz de algumas
reformas audazes. O problema de
Tettamanzi é o fato de ser pouco
conhecido internacionalmente.
O seu predecessor em Milão,
Carlo-Maria Martini, 76, durante
muito tempo visto como o primeiro papável, parece estar condenado por sua idade.
A chegada ao colégio de cardeais do novo patriarca de Veneza, Angelo Scola, 61, faz dele mais
um favorito, para começar porque vários papas do século 20 saíram de Veneza (Pio 10, João 23 e
João Paulo 1º) e de Milão (Pio 11,
Paulo 6º). Nascido em Milão em
novembro de 1941, o novo cardeal
Scola é atualmente o teólogo mais
comentado do movimento político-religioso italiano Comunhão e
Liberação, próximo do papa.
Outro possível candidato italiano é o cardeal Giovanni-Battista
Ré, 69. Seu trunfo principal é o conhecimento de todos os mecanismos de governança da igreja, já
que fez sua carreira na Cúria. Seu
problema principal é o exato reverso dessa vantagem: Ré nunca
esteve à frente de uma diocese.
Fora da Itália, a origem mais
provável do próximo papa é a
América Latina, onde vive a
maior parcela de católicos no
mundo (40%).
O primeiro entre eles é Oscar
Andres Rodriguez Maradiaga, 61,
arcebispo de Tegucigalpa (Honduras). Ele possui o perfil típico
do prelado latino-americano, segundo João Paulo 2º: ortodoxia
perfeita e mais abertura aos menos favorecidos, às comunidades
de base e à teologia da libertação.
O outro favorito é o brasileiro d.
Cláudio Hummes, franciscano de
69 anos, arcebispo de São Paulo,
homem de rigor doutrinal, mas
próximo dos pobres, que tem a
confiança do papa.
Tampouco pode ser excluída a
possibilidade de um papa negro
ou asiático. O nigeriano Francis
Arinze, 71, às vezes é citado como
possível papa africano, mas o arcebispo de Durban (África do
Sul), Wilfrid Napier, 62, pode obter votos, assim como os indianos
Ivan Dias, 67, arcebispo de Bombaim, ou Telesphore Toppo, 64.
Tradução de Clara Allain
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