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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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Sucessão aberta à diversidade torna novo papa uma incógnita

HENRI TINCQ
DO "LE MONDE"

"Aquele que vai me suceder ainda nem é cardeal!", disse o papa um dia, zombando dos jornalistas que procuravam traçar prognósticos quanto ao seu sucessor. Estará o nome de seu substituto na lista de 135 eleitores (e elegíveis) que foi atualizada em 28 de setembro?
A hegemonia italiana foi derrotada em 1978, com a eleição de um cardeal polonês. Desde então, a "globalização" da Igreja Católica atingiu um nível tal que nunca antes uma sucessão papal parece ter estado tão aberta à diversidade dos 59 países representados no colégio eleitoral.
A escolha de um papa italiano representaria uma garantia de experiência e, possivelmente, a promessa de um retorno a um pontificado mais modesto. O candidato favorito é Dionigi Tettamanzi, 69, arcebispo de Milão, hábil administrador de grandes dioceses (Ancona, Gênova, Milão). Suas chances podem ser grandes se ganhar força a idéia de que, para resolver as crises na cúpula da igreja, a solução seria um homem acostumado a trabalhar em campo, encarnação da continuidade, mas também capaz de algumas reformas audazes. O problema de Tettamanzi é o fato de ser pouco conhecido internacionalmente.
O seu predecessor em Milão, Carlo-Maria Martini, 76, durante muito tempo visto como o primeiro papável, parece estar condenado por sua idade.
A chegada ao colégio de cardeais do novo patriarca de Veneza, Angelo Scola, 61, faz dele mais um favorito, para começar porque vários papas do século 20 saíram de Veneza (Pio 10, João 23 e João Paulo 1º) e de Milão (Pio 11, Paulo 6º). Nascido em Milão em novembro de 1941, o novo cardeal Scola é atualmente o teólogo mais comentado do movimento político-religioso italiano Comunhão e Liberação, próximo do papa.
Outro possível candidato italiano é o cardeal Giovanni-Battista Ré, 69. Seu trunfo principal é o conhecimento de todos os mecanismos de governança da igreja, já que fez sua carreira na Cúria. Seu problema principal é o exato reverso dessa vantagem: Ré nunca esteve à frente de uma diocese.
Fora da Itália, a origem mais provável do próximo papa é a América Latina, onde vive a maior parcela de católicos no mundo (40%).
O primeiro entre eles é Oscar Andres Rodriguez Maradiaga, 61, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras). Ele possui o perfil típico do prelado latino-americano, segundo João Paulo 2º: ortodoxia perfeita e mais abertura aos menos favorecidos, às comunidades de base e à teologia da libertação. O outro favorito é o brasileiro d. Cláudio Hummes, franciscano de 69 anos, arcebispo de São Paulo, homem de rigor doutrinal, mas próximo dos pobres, que tem a confiança do papa.
Tampouco pode ser excluída a possibilidade de um papa negro ou asiático. O nigeriano Francis Arinze, 71, às vezes é citado como possível papa africano, mas o arcebispo de Durban (África do Sul), Wilfrid Napier, 62, pode obter votos, assim como os indianos Ivan Dias, 67, arcebispo de Bombaim, ou Telesphore Toppo, 64.


Tradução de Clara Allain


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