São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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SEPARATISMO

Nagaland e Assam, Estados que enfrentam forte oposição de grupos secessionistas, são alvo de 9 atentados

Ataques matam 46 no nordeste da Índia

DA REDAÇÃO

Uma seqüência de ataques e de explosões em dois Estados no nordeste da Índia deixaram ontem 46 mortos e cerca de cem feridos no maior ataque acontecido na região desde a assinatura de um cessar-fogo em 1997. Houve nove ataques em Nagaland e Assam, Estados que enfrentam a insurgência separatista.
Até o fechamento desta edição, nenhum grupo havia reivindicado a ação e não estava claro se havia uma ligação entre os atentados nos dois Estados.
Em Nagaland, duas bombas explodiram com minutos de diferença. A primeira explosão ocorreu na estação ferroviária de Dimapur, a segunda, no mercado popular Hong Kong. A plataforma principal da estação estava repleta de passageiros, que aguardavam a chegada do trem, proveniente de Assam, Estado vizinho.
O comerciante local Alok Pareek afirmou que toda a estrutura em frente ao escritório principal da estação veio abaixo. "Muitos dos mortos ficaram presos nos escombros da estação", disse Pareek. De acordo com relatos de testemunhas dados ao correspondente da rede britânica BBC Subir Bhaumik, os passageiros que esperavam o trem foram jogados nos trilhos com a força da bomba.
Nos dois ataques, morreram 26 pessoas e 84 ficaram feridas, segundo Neiphiu Rio, uma das principais autoridades da cidade.
"Nós não podemos dizer quem é responsável. É muito cedo", disse Rio por telefone da capital do Estado, Kohima.
Horas depois, sete outros ataques atingiram Assam, o maior Estado da região, deixando um total de 20 mortos.
O ataque mais mortal ocorreu na pequena cidade de Makri Jhoda, a 290 km a oeste da capital Guwahati, quando atiradores não identificados dispararam fogo numa multidão em um mercado local, matando 11 pessoas e ferindo outras 12, segundo o superintendente da polícia, L.R. Bishnoi.
Os mesmos homens, depois de deixarem o mercado, mataram quatro habitantes do povoado. Uma outra explosão no mercado de Santipur, no distrito de Kokrajhar, matou um comerciante e feriu sete pessoas.
Os ataques em Assam ocorreram um dia depois de a maior autoridade política do Estado, Tarun Gogoi, ter oferecido uma trégua para os rebeldes da Frente Democrática Nacional de Boroland -um grupo separatista tribal ativo na região- a partir de 16 de outubro se eles impusessem um cessar-fogo até essa data.
Segundo o inspetor da polícia de Assam Khagen Sarma, não se pode "descartar" um possível envolvimento da Frente Democrática Nacional de Boroland nos ataques. Amanhã, o grupo completa 18 anos de existência.

Negociação
O governo indiano disse que, neste mês, iniciará as conversações com a facção rebelde liderada por S.S. Khaplang, do grupo separatista NSCN-IM (Conselho Nacional Socialista de Nagaland Isak-Muivah), dirigido por Isak Chishi Swu e Thuingaleng Muivah. Há sete anos, foi assinado um tratado de cessar-fogo com os combatentes do NSCN, e o grupo liderado por Khaplang declarou um cessar-fogo unilateral com as forças de segurança da Índia há mais de um ano.
Ambas as facções condenaram as explosões. Os líderes rebeldes disseram ter recebido o convite, mas ainda não foi marcada uma data para o início das negociações. Para os partidos políticos em Nagaland, a não ser que todas as facções rebeldes estejam representadas nas negociações, não será possível chegar a um acordo abrangente em relação ao problema do Estado. Mais de 15 mil pessoas morreram em conflito antes de o governo e os rebeldes anunciarem a trégua em 1997.
Analistas de segurança disseram que o governo indiano tem ignorado a situação dos separatistas no nordeste da Índia, concentrando-se quase que inteiramente na questão da Caxemira, palco de disputa entre a Índia e o Paquistão há décadas.


Com agências internacionais

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