São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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CHINA GLOBAL

Uniões duplicaram em cinco anos; estrangeiros dizem que mulher chinesa dá maior valor ao relacionamento

Mais chinesas se casam com ocidentais

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

A globalização chegou ao circuito amoroso, e um número crescente de homens ocidentais ruma ao Oriente em busca do que acreditam não encontrar em seus países de origem: mulheres comprometidas mais com o relacionamento a dois do que com suas próprias carreiras.
Nas grandes cidades da China, a visão de homens ocidentais com mulheres locais é cada vez mais comum, e as estatísticas mostram que muitos não estão em busca apenas de uma aventura exótica.
Enquanto o número total de casamentos na China caiu de 9,39 milhões em 1996 para 8,05 milhões em 2001, os realizados entre estrangeiros e chineses quase duplicaram, atingindo 79 mil. O número ainda é pequeno, mas representa um crescimento impressionante se comparado com 1985, quando 22 mil chineses se casaram com estrangeiros, em um total de 8,31 milhões de uniões.
A grande maioria dos casos envolve chinesas com homens ocidentais. Nas inúmeras conversas formais ou informais que a reportagem da Folha teve com estrangeiros na China, a questão da dedicação à relação amorosa em detrimento da individualidade aparece com maior freqüência entre as razões da atratividade das mulheres locais.
"As chinesas têm um caráter, uma personalidade diferentes das ocidentais. Elas dão mais valor à relação e levam mais em conta a visão do homem", afirma o boliviano Alejandro Gustavo Borda, 28, que há pouco mais de um ano namora Li Ying, chinesa de 28 anos que trabalha na Basf.
Na China há três anos para concluir um mestrado em mecatrônica, Borda diz que considera as bolivianas mais independentes. Ele termina o curso em um ano, mas já está buscando uma maneira da continuar na China, com Li.
Para as chinesas, os estrangeiros têm certo glamour, costumam ser divertidos e muitos têm carreiras promissoras. "Algumas garotas ainda procuram homens que as levem para seus países", afirma Deng Yun Luin, 27, chinesa de Taiwan que está em Pequim há dois anos estudando cinema.
Deng já se relacionou com homens chineses, namorou um inglês e um suíço e atualmente está com um norte-americano. Ela se recusa a fazer generalizações, mas diz que os ocidentais costumam ser mais gentis que os chineses.
Como tudo na China, as mudanças ocorrem em diferente compasso, dependendo da região. Nas grandes cidades da costa leste, a transformação é muito mais rápida e as mulheres são menos conservadoras em relação ao sexo do que no interior.
O fotógrafo norte-americano Nick Otto, 29, teve as duas experiências. Namorou por um ano uma chinesa de Qinhuangdao, com população urbana de 660 mil habitantes, a 300 km de Pequim. "Ela tinha 21 anos e a mãe controlava tudo. Ficamos juntos um ano e nunca fizemos sexo", observa.
Desde que chegou a Pequim, há cinco meses, Otto namora Zhen Ying, 29, jornalista que está longe da imagem de passividade que muitos homens associam às chinesas. "Ellie [nome inglês de Zhen] tem uma cabeça bem mais ocidental", diz Otto.
Com base na sua observação e nas conversas com outros homens, Otto identifica algumas das características das chinesas que seduzem os estrangeiros. "Acho que muitas das chinesas têm um jeito infantil e inocente que talvez atraia muitos homens. É mais fácil desempenhar os papéis masculino e feminino."
Para ele, o casamento com uma chinesa tem apelo para muitos homens. "Ela vai dar mais atenção à família, à casa, aos filhos e provavelmente será uma mulher mais leal."


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