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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Entre as vítimas, há dois civis; no pior ataque do pós-guerra, helicóptero é abatido e 15 militares morrem

Ataques matam ao menos 18 americanos

DA REDAÇÃO

Pelo menos 18 americanos -16 militares e dois civis- morreram em três ataques que fizeram do dia de ontem o pior para os EUA em termos de baixas nos seis meses de pós-guerra no Iraque.
No mais violento deles, um helicóptero militar Chinook foi abatido por dois mísseis em Baisa, a 10 km de Fallujah, matando ao menos 15 soldados e ferindo 21.
Em uma estrada da região, dois civis americanos que prestavam serviços para a corporação de engenharia do Exército morreram na explosão de uma bomba. Um ataque semelhante matou outro soldado em Bagdá.
Os ataques de ontem seguem a morte de dois soldados em Mossul no sábado, concretizando os temores americanos de um "fim de semana de resistência" para marcar os seis meses da ocupação, completados no sábado.
As primeiras informações davam conta de que o helicóptero, um bimotor da 12ª Brigada de Aviação do Exército, levava para Bagdá dezenas de soldados que estariam deixando o país em uma licença de duas semanas.
O coronel William Darley, porta-voz militar dos EUA, confirmou as baixas, mas disse que a causa da queda ainda estava sendo investigada. Testemunhas afirmaram, entretanto, que dois mísseis atingiram o helicóptero.
A aeronave caiu pela manhã na zona rural de Basai, ao sul de Fallujah, uma das cidades mais conturbadas do pós-guerra e um dos bastiões do regime deposto na tensa região do Triângulo Sunita.
Um segundo Chinook sobrevoou o local durante minutos até pousar, aparentemente na tentativa de ajudar a conter o incêndio que tomou a aeronave abatida. Ao menos seis helicópteros Black Hawk acorreram em socorro.
Militares disseram que o Chinook partira de uma base no oeste do país. Segundo moradores de Habbaniyah, a 15 km do local da queda, a aeronave decolou de lá.
Ataques da resistência já haviam derrubado dois helicópteros americanos, mas nenhum deles tão grande e com tantos passageiros como o Chinook. O comando dos EUA emite alertas regulares sobre as centenas de lança-mísseis do governo deposto que estariam com a resistência e oferece uma recompensa de US$ 500 para cada unidade entregue.
Em Fallujah, houve comemoração do ataque. "Esta é uma nova lição da resistência para os agressores cheios de cobiça", disse um iraquiano. "Eles não estarão salvos até deixarem nosso país."
Além dos ataques, no bairro de Abu Ghraib, em Bagdá, manifestantes e soldados dos EUA voltaram a se confrontar, mas não havia registro de mortes.

Semana sangrenta
O dia de ontem foi o segundo pior em número de baixas para os EUA desde sua chegada ao Iraque, em 20 de março. Em 23 de março, 29 soldados foram mortos na região de Nassiriah (sul) -11 deles numa emboscada contra um comboio de manutenção e 18 num ataque a fuzileiros navais.
Mas nenhuma semana foi tão cheia de revezes como esta: no domingo (dia 26), mísseis atingiram o hotel que hospedava o subsecretário da Defesa Paul Wolfowitz. Entre segunda e terça-feira, 39 pessoas morreram na explosão de cinco carros-bomba. E na quinta, a ONU e as principais agências humanitárias decidiram retirar os funcionários estrangeiros do país.
Nos últimos oito dias, 27 soldados dos EUA foram mortos em ações hostis, número que equivale a quase um quarto das 115 baixas em combate durante a guerra

Vizinhos
Na Síria, os chanceleres da Arábia Saudita, da Turquia e do Irã condenaram os ataques e exortaram as forças americanas a restabelecerem a segurança no país, pedindo a colaboração iraquiana.
Os três falaram na conclusão de uma reunião de dois dias em Damasco com a participação de vizinhos do Iraque. Também participaram Síria, Kuait, Jordânia e Egito. O chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, recusou um convite de última hora.
No comunicado final, os países declararam apoio ao Conselho de Governo Iraquiano, que tem função consultiva na administração americana do país, e ressaltaram sua responsabilidade na transição para um governo soberano eleito pela população iraquiana.


Com agências internacionais

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