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IRAQUE OCUPADO
Entre as vítimas, há dois civis; no pior ataque do pós-guerra, helicóptero é abatido e 15 militares morrem
Ataques matam ao menos 18 americanos
DA REDAÇÃO
Pelo menos 18 americanos -16
militares e dois civis- morreram
em três ataques que fizeram do
dia de ontem o pior para os EUA
em termos de baixas nos seis meses de pós-guerra no Iraque.
No mais violento deles, um helicóptero militar Chinook foi abatido por dois mísseis em Baisa, a 10
km de Fallujah, matando ao menos 15 soldados e ferindo 21.
Em uma estrada da região, dois
civis americanos que prestavam
serviços para a corporação de engenharia do Exército morreram
na explosão de uma bomba. Um
ataque semelhante matou outro
soldado em Bagdá.
Os ataques de ontem seguem a
morte de dois soldados em Mossul no sábado, concretizando os
temores americanos de um "fim
de semana de resistência" para
marcar os seis meses da ocupação, completados no sábado.
As primeiras informações davam conta de que o helicóptero,
um bimotor da 12ª Brigada de
Aviação do Exército, levava para
Bagdá dezenas de soldados que
estariam deixando o país em uma
licença de duas semanas.
O coronel William Darley, porta-voz militar dos EUA, confirmou as baixas, mas disse que a
causa da queda ainda estava sendo investigada. Testemunhas afirmaram, entretanto, que dois mísseis atingiram o helicóptero.
A aeronave caiu pela manhã na
zona rural de Basai, ao sul de Fallujah, uma das cidades mais conturbadas do pós-guerra e um dos
bastiões do regime deposto na
tensa região do Triângulo Sunita.
Um segundo Chinook sobrevoou o local durante minutos até
pousar, aparentemente na tentativa de ajudar a conter o incêndio
que tomou a aeronave abatida. Ao
menos seis helicópteros Black
Hawk acorreram em socorro.
Militares disseram que o Chinook partira de uma base no oeste
do país. Segundo moradores de
Habbaniyah, a 15 km do local da
queda, a aeronave decolou de lá.
Ataques da resistência já haviam derrubado dois helicópteros
americanos, mas nenhum deles
tão grande e com tantos passageiros como o Chinook. O comando
dos EUA emite alertas regulares
sobre as centenas de lança-mísseis do governo deposto que estariam com a resistência e oferece
uma recompensa de US$ 500 para
cada unidade entregue.
Em Fallujah, houve comemoração do ataque. "Esta é uma nova
lição da resistência para os agressores cheios de cobiça", disse um
iraquiano. "Eles não estarão salvos até deixarem nosso país."
Além dos ataques, no bairro de
Abu Ghraib, em Bagdá, manifestantes e soldados dos EUA voltaram a se confrontar, mas não havia registro de mortes.
Semana sangrenta
O dia de ontem foi o segundo
pior em número de baixas para os
EUA desde sua chegada ao Iraque, em 20 de março. Em 23 de
março, 29 soldados foram mortos
na região de Nassiriah (sul) -11
deles numa emboscada contra
um comboio de manutenção e 18
num ataque a fuzileiros navais.
Mas nenhuma semana foi tão
cheia de revezes como esta: no domingo (dia 26), mísseis atingiram
o hotel que hospedava o subsecretário da Defesa Paul Wolfowitz.
Entre segunda e terça-feira, 39
pessoas morreram na explosão de
cinco carros-bomba. E na quinta,
a ONU e as principais agências
humanitárias decidiram retirar os
funcionários estrangeiros do país.
Nos últimos oito dias, 27 soldados dos EUA foram mortos em
ações hostis, número que equivale a quase um quarto das 115 baixas em combate durante a guerra
Vizinhos
Na Síria, os chanceleres da Arábia Saudita, da Turquia e do Irã
condenaram os ataques e exortaram as forças americanas a restabelecerem a segurança no país,
pedindo a colaboração iraquiana.
Os três falaram na conclusão de
uma reunião de dois dias em Damasco com a participação de vizinhos do Iraque. Também participaram Síria, Kuait, Jordânia e Egito. O chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, recusou um convite de
última hora.
No comunicado final, os países
declararam apoio ao Conselho de
Governo Iraquiano, que tem função consultiva na administração
americana do país, e ressaltaram
sua responsabilidade na transição
para um governo soberano eleito
pela população iraquiana.
Com agências internacionais
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