São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Porto Príncipe espera resultado sob tensão

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Em nenhum outro lugar da América Latina o resultado das eleições americanas provoca tanta expectativa como no Haiti, onde partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, conhecidos como lavalistas, começaram a se movimentar ontem na expectativa de uma vitória de John Kerry. A esperança é que, se eleito, o democrata devolva a Presidência ao líder exilado.
Segundo relatos de moradores da capital, houve intenso tiroteio durante a tarde de ontem na favela La Salines, reduto pró-Aristide. Caso Kerry vença, os lavalistas prometem tomar as ruas da capital haitiana para comemorar.
A missão militar brasileira (responsável por Porto Príncipe) está em estado de alerta e montou um esquema especial de segurança, que inclui o reforço da segurança na área da Embaixada dos Estados Unidos no Haiti.
"Uma vitória de qualquer um dos lados pode ser explorada como motivo para manifestações", disse o coronel Luiz Felipe Carbonell, oficial de comunicação social da missão militar brasileira.
Para a missão brasileira, no entanto, ontem foi um dia tranqüilo. Soldados brasileiros participaram de uma distribuição de alimentos na conturbada região de Bel Air, sem registro de incidentes.
Os lavalistas confiam em que Kerry promova o retorno de Aristide à Presidência, assim como o então presidente democrata, Bill Clinton, fizera em 1994. Em março, Kerry disse que, se fosse presidente, teria enviado tropas para assegurar a permanência do líder haitiano, eleito por voto direto.
No mês passado, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante da missão de paz da ONU, provocou polêmica ao ligar a recente onda de violência às declarações de Kerry por gerarem uma falsa esperança pela volta de Aristide. Após ser criticado pelos democratas, ele recuou das declarações.
Aristide deixou o poder em fevereiro, após um violento levante no interior promovido por ex-militares e protestos de estudantes e oposicionistas na capital.
Na época, o presidente George W. Bush pressionou pela saída de Aristide e impulsionou no Conselho de Segurança da ONU uma missão de paz para o Haiti, que ficou sob o comando do Brasil.
Desde o dia 30 de setembro, os partidários de Aristide iniciaram um levante na capital haitiana exigindo a volta de Aristide, afastado em fevereiro. Mais de 80 pessoas morreram em manifestações e confrontos, segundo a agência de notícias Associated Press. Ao menos 12 eram policiais.


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