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Porto Príncipe espera resultado sob tensão
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Em nenhum outro lugar da
América Latina o resultado das
eleições americanas provoca tanta expectativa como no Haiti, onde partidários do ex-presidente
Jean-Bertrand Aristide, conhecidos como lavalistas, começaram a
se movimentar ontem na expectativa de uma vitória de John
Kerry. A esperança é que, se eleito, o democrata devolva a Presidência ao líder exilado.
Segundo relatos de moradores
da capital, houve intenso tiroteio
durante a tarde de ontem na favela La Salines, reduto pró-Aristide.
Caso Kerry vença, os lavalistas
prometem tomar as ruas da capital haitiana para comemorar.
A missão militar brasileira (responsável por Porto Príncipe) está
em estado de alerta e montou um
esquema especial de segurança,
que inclui o reforço da segurança
na área da Embaixada dos Estados Unidos no Haiti.
"Uma vitória de qualquer um
dos lados pode ser explorada como motivo para manifestações",
disse o coronel Luiz Felipe Carbonell, oficial de comunicação social
da missão militar brasileira.
Para a missão brasileira, no entanto, ontem foi um dia tranqüilo.
Soldados brasileiros participaram
de uma distribuição de alimentos
na conturbada região de Bel Air,
sem registro de incidentes.
Os lavalistas confiam em que
Kerry promova o retorno de Aristide à Presidência, assim como o
então presidente democrata, Bill
Clinton, fizera em 1994. Em março, Kerry disse que, se fosse presidente, teria enviado tropas para
assegurar a permanência do líder
haitiano, eleito por voto direto.
No mês passado, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro
Pereira, comandante da missão
de paz da ONU, provocou polêmica ao ligar a recente onda de
violência às declarações de Kerry
por gerarem uma falsa esperança
pela volta de Aristide. Após ser
criticado pelos democratas, ele recuou das declarações.
Aristide deixou o poder em fevereiro, após um violento levante
no interior promovido por ex-militares e protestos de estudantes e
oposicionistas na capital.
Na época, o presidente George
W. Bush pressionou pela saída de
Aristide e impulsionou no Conselho de Segurança da ONU uma
missão de paz para o Haiti, que ficou sob o comando do Brasil.
Desde o dia 30 de setembro, os
partidários de Aristide iniciaram
um levante na capital haitiana exigindo a volta de Aristide, afastado
em fevereiro. Mais de 80 pessoas
morreram em manifestações e
confrontos, segundo a agência de
notícias Associated Press. Ao menos 12 eram policiais.
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