São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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China critica política externa americana

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

Os principais meios de comunicação da China, todos controlados pelo Estado ou pelo Partido Comunista, veicularam ontem artigos com críticas à política externa dos EUA, classificada de unilateral, ambígua, arrogante e expansionista.
"A embalagem é a culpada pela má imagem dos EUA?" era o título de editorial do "Diário do Povo", jornal oficial do Partido Comunista. Sem fazer referência às eleições de ontem, o texto sustentava que qualquer trabalho de relações públicas por parte dos EUA será inútil para melhorar a imagem do país se não houver mudanças em sua política externa.
"Se os EUA querem recuperar o respeito da população mundial, eles devem realizam uma profunda autocrítica, abandonar a ultrapassada diplomacia caracterizada pelo poder político e a hegemonia. O único caminho é implementar uma política externa mais democrática, em acordo com a tendência mundial", diz o texto.
A agência de notícias oficial Xinhua e o jornal "China Daily", vinculado ao Conselho de Estado, divulgaram artigo no qual o ex-chanceler Qian Qichen critica a "Doutrina Bush" de ataques preventivos. "A Guerra do Iraque tornou os EUA ainda mais impopulares na comunidade internacional do que a Guerra do Vietnã", diz o texto.
A China, que é um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU se opôs à invasão do Iraque.
As páginas dedicadas a temas internacionais dos jornais em chinês deram destaque à apresentação das eleições norte-americanas, mas poucos tinham referência ao assunto em sua capa.
Nas edições em inglês na internet, as eleições também não eram o principal assunto, mas isso se explica pelo fuso horário -quando as eleições começaram nos EUA, já era noite na China.
Milhares de norte-americanos residentes no país votaram nas últimas semanas na Embaixada dos Estados Unidos em Pequim ou nos quatro consulados sediados em outras cidades.
Estimativas oficiais indicam que há cerca de 100 mil cidadãos norte-americanos vivendo na China. Os que estão fora dos Estados Unidos podem votar com antecedência, nas representações diplomáticas ou por correio.
O número total de votantes na China só será conhecido dentro de aproximadamente uma semana. Mas será impossível saber quem ganhou no país. As cédulas vão para o Estado de origem dos eleitores e são misturados com os demais votos.


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