São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2006

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Associação entre republicanos e lobistas ajudou a minar a imagem do Congresso

DO "MONDE"

Mais de 20 mil profissionais de lobby estão oficialmente registrados no Congresso dos EUA. Seu objetivo? Conseguir a aprovação de leis que favoreçam seus clientes: empresas, organizações setoriais ou outros países. Os meios de que dispõem? Tráfico de influência, ativo e passivo. Na campanha para as eleições de 7 de novembro, o assunto vem ganhando cada vez mais destaque.
Os alvos dos lobistas trabalham no governo e no Congresso. Por exemplo, quando o projeto de lei de saúde pública entrou em debate na Câmara dos Deputados, em 2003, havia 952 lobistas registrados para defender a indústria farmacêutica, contra 435 deputados.
Segundo as normas federais, o lobby representa uma comunicação "efetuada por um interessado a um funcionário eletivo ou civil, da Presidência ou das 200 agências federais, com o objetivo de defender formulação ou modificação de uma lei". A legislação determina que esses profissionais se registrem e submetam suas contas a escrutínio público. Em 2005, havia 21,5 mil lobistas inscritos na Câmara dos Deputados.
Dois dos 20 maiores escritórios de lobby norte-americanos têm suas sedes na rua K, em Washington, que está sofrendo com a publicidade negativa gerada por um escândalo que vem afetando desde 2005 a maioria republicana do Congresso.
O caso nasceu de um projeto que reunia alguns dos jovens líderes do partido, especialmente texanos, a partir de 1994. O assistente do presidente da Câmara, Newt Gingrich, era o deputado Tom DeLay (hoje caído em desgraça), dirigente da Coalizão Cristã. O Projeto Rua K, nome empregado por DeLay, consistia em pressionar os escritórios de lobby por doações às campanhas republicanas.

Reforma
O escândalo de Jack Abramoff, lobista republicano preso em 2005 sob a acusação de corrupção, gerou uma tentativa de reforma. O senador republicano John McCain apresentou um projeto que limitava os presentes e viagens oferecidos pelos lobistas e estendia o período durante o qual ex-funcionários do governo e ex-assessores parlamentares estão proibidos de atuar como lobistas.
Em março, foi adotada uma versão bastante amena da proposta. Os lobistas não podem mais oferecer presentes aos parlamentares, mas as firmas que eles representam podem adquiri-los. As viagens com despesas pagas não foram proibidas, desde que as despesas sejam pré-aprovadas.
A reforma não melhorou a imagem do Congresso. A confiança do público nos parlamentares é mais baixa hoje do que na época de Watergate (1972-1974). Os candidatos acusam uns aos outros de serem "prisioneiros de interesses particulares". A publicidade negativa foi tão intensa que o presidente da associação setorial dos lobbies, Paul Miller, decidiu protestar em carta a ambos os partidos: "Se vocês estão tão convencidos de que somos o principal problema em nosso sistema, devolvam-nos o dinheiro." Até agora, ninguém seguiu sua recomendação.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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