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Britânico comum é espionado em média 300 vezes por dia
Estudo revela que Reino Unido se transformou em "sociedade de vigilância"; tecnologia monitora movimentos e atividades por câmeras, celular e cartão
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Um estudo do Escritório do
Comissariado de Informação
divulgado ontem mostrou que
o Reino Unido está se transformando em uma "sociedade de
vigilância", com cada britânico
sendo filmado, em média, por
300 câmeras diariamente.
O comissariado é um órgão
independente responsável por
proteger a privacidade do público e por ajudá-lo a ter acesso
a informações oficiais.
O estudo, intitulado "Um Relatório sobre a Sociedade de Vigilância", confirma que o escrutínio do governo sobre a vida
dos habitantes do Reino Unido
está cada vez mais rigoroso.
O país tem 4,2 milhões de câmeras de circuito fechado
(CCTV) -uma para cada 14 habitantes-, que vigiam os cidadãos nas ruas, nos meios de
transporte e em estabelecimentos públicos e comerciais.
Além disso, atividades corriqueiras dos cidadãos têm sido
monitoradas não apenas pelo
governo, mas também por empresas privadas, que criam bancos de dados.
"Não são apenas câmeras nas
ruas, é a tecnologia vigiando
nossos movimentos e atividades", afirmou Richard Thomas,
chefe do comissariado, em entrevista à BBC.
"Cada vez que usamos um celular ou nossos cartões de crédito, quando fazemos buscas ou
compras na internet, mais e
mais informações vão sendo
coletadas", disse Thomas.
O governo britânico reagiu
ao relatório afirmando que o
crescente uso de tecnologia visa garantir a segurança dos cidadãos e tem apoio popular.
"Você conhece alguma comunidade que esteja pedindo a
retirada das CCTVs? A demanda é por mais câmeras", afirmou o porta-voz do governo.
"As pessoas vêem os benefícios da tecnologia. Não creio
que alguém esteja sugerindo a
sério que não devemos utilizá-la para combater crimes, terrorismo, fraudes e comportamentos anti-sociais", completou ele.
Segundo Richard Thomas, o
estudo não nega a importância
da vigilância na segurança, mas
alerta para o descontrole e para
a falta de informações dos cidadãos, que muitas vezes ignoram
que estão tendo seus dados e
suas atividades registrados.
"Atividades de vigilância podem ser bem-intecionadas e
trazer benefícios, mas a observação descontrolada, invisível e
excessiva pode disseminar um
clima de suspeição e erodir a
confiança das pessoas", disse.
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