São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2006

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GEÓRGIA

Rússia ameaça aumentar preço do gás em mais de 100%

DA REDAÇÃO

Em mais um lance da ofensiva russa contra a Geórgia, a estatal de gás natural Gazprom anunciou ontem que pretende aumentar em mais de 100% o preço do produto para a ex-república soviética. A Geórgia é alvo de sanções do Kremlin desde setembro, quando prendeu quatro militares russos sob acusação de espionagem -eles foram soltos dias depois.
Moscou diz que o reajuste, de US$ 110 para US$ 230 por mil metros cúbicos, é parte da estratégia de acabar com os subsídios às antigas repúblicas soviéticas. "É um passo numa série de negociações com outros países para trazer os preços aos níveis internacionais. A Geórgia não é o único país", disse o porta-voz russo Dmitry Peskov. Autoridades georgianas, porém, consideram que a decisão tem motivação política.
Caso a alta se concretize, o empobrecido país do Cáucaso pagará mais pelo produto que qualquer outra das ex-repúblicas, e o mesmo que os da União Européia. "Está claro que estamos lidando com negociações políticas, e não comerciais", disse o premiê georgiano, Zurab Nogaideli. Tblisi calcula que o reajuste significaria uma diminuição de 1,2% de seu Produto Interno Bruto em 2007. A Geórgia consome 2 bilhões de metros cúbicos de gás por ano -75% saem da Rússia.
As imensas reservas energéticas russas são um forte instrumento de pressão. Em janeiro, a Gazprom cortou temporariamente o fluxo de gás para a Ucrânia, alegando divergências sobre o preço. Na época, líderes ocidentais acusaram o Kremlin de fazer chantagem econômica para manter sua influência sobre as ex-repúblicas soviéticas. O produto também tem forte papel na barganha política com a União Européia, da qual a Rússia é o maior fornecedor de energia.
O anúncio do reajuste foi feito no mesmo dia em que o ministro de Relações Exteriores Gela Bezhuashvili foi a Moscou encontrar o colega russo, Sergei Lavrov, numa tentativa de pôr fim à crise.
As relações de Tblisi com Moscou se deterioraram desde a chegada ao poder de Mikheil Saakashvili, em 2003. O presidente georgiano tem uma política externa abertamente pró-Ocidente e tenta se integrar à Otan (aliança militar ocidental).


Com agências internacionais


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