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ARGENTINA
Justiça processa Isabelita por cumplicidade na repressão
DE BUENOS AIRES
Menos de 20 dias após o
conturbado segundo funeral
de Juan Domingo Perón, a
Justiça argentina confirmou
que a viúva do general, Maria
Estela Martínez de Perón, a
Isabelita, 75, que presidiu o
país entre 1974 e 1976 e que
vive na Espanha desde 1981,
está sendo processada por
suposta cumplicidade com o
terrorismo de Estado.
Com a morte do marido
em 1º de julho de 1974, Isabelita, eleita vice-presidente no
ano anterior, quando Perón
conquistou seu terceiro
mandato na Casa Rosada,
tornou-se a primeira mulher
a presidir um país latino-americano. Até hoje é a única
a ter governado a Argentina.
Um juiz da Província de
Mendoza determinou a localização do domicílio da ex-presidente e de cinco ministros de seu governo, entre
eles Antonio Cafiero (Economia) e Carlos Ruckauf (Trabalho) -o primeiro dos passos para determinar a prisão
de um acusado. Todos assinaram três decretos para reprimir a subversão, que, no
entender do juiz, podem ter
levado a abusos como a detenção de menores.
O magistrado julgará se
houve responsabilidade direta dos integrantes do governo no desaparecimento
de um homem antes do golpe
militar que depôs Isabelita
em 24 de março de 1976 e
deu início à mais sangrenta
das ditaduras argentinas.
"O governo constitucional
só queria restabelecer o
equilíbrio no país. E não seria possível sem as Forças
Armadas", afirmou ontem
Cafiero. Segundo ele, o problema foi que, depois, os militares se impuseram para
assumir o controle. "Era um
governo ruim [o de Isabelita], mas foi escolhido pelo
povo. Pior foi o que veio depois", declarou.
Os decretos autorizavam
as Forças Armadas a "executar operações militares e de
segurança necessárias para
aniquilar a ação dos subversivos em todo o país".
Como já vigorava uma lei
que permitia a prisão de subversivos, o argumento é o de
que os decretos significaram
um passo a mais na escalada
de violência da repressão.
(BRUNO LIMA)
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