|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cúpula ibero-americana começa esvaziada
Ausência de Lula, incerteza sobre Kirchner e crise entre Uruguai e Argentina marcam evento em Montevidéu
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Comprometida pelo agravamento da crise política entre
Argentina e Uruguai e esvaziada pela ausência do presidente
do Brasil, Luiz Inácio Lula da
Silva, a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos Países
Ibero-americanos começa hoje
em Montevidéu, no Uruguai.
O tema do encontro é a emigração de cidadãos dos países
em desenvolvimento para países desenvolvidos, discussão
impulsionada sobretudo pela
Espanha, destino de milhares
de imigrantes africanos -o
próprio rei Juan Carlos participa do evento, além do premiê,
José Luis Rodríguez Zapatero.
O discurso espanhol é o da
"cooperação" entre países para
tentar conter ou, ao menos, administrar o avanço migratório.
Deve entrar na pauta a construção do muro na fronteira
dos EUA com o México, aprovada pelo Congresso americano e sancionada por George W.
Bush. O presidente mexicano,
Vicente Fox, deve tentar aprovar documento em repúdio à
decisão.
Nos dois dias anteriores ao
início do evento, a relação entre
os governos de Néstor Kirchner e de Tabaré Vázquez chegou a um ponto crítico. Ambientalistas e grupos comunitários que protestam contra a
instalação da indústria de celulose finlandesa Botnia às margens do rio Uruguai decidiram
fazer a partir de hoje novo bloqueio na ponte da principal rota comercial entre os dois países. Os manifestantes também
protestarão em Montevidéu.
A Chancelaria argentina afirmou que está suspenso o diálogo com o Uruguai. Anteontem à
noite, divulgou nota informando que enviara carta ao país vizinho lamentando a decisão
unilateral de dar à Botnia "autorização para extração de um
significativo volume de água do
rio Uruguai, recurso compartilhado pelos dois países".
Vázquez, por sua vez, declarou que "com a ponte bloqueada, não há diálogo".
Ausências
A ausência de Lula decepcionou sobretudo as diplomacias
uruguaia (que esperava ajuda
para mediar o conflito da "papeleira") e argentina (que esperava viabilizar um encontro bilateral do brasileiro com Kirchner). Sem Lula e em atrito com
Vázquez, Kirchner, segundo
pessoas ligadas a seu governo,
pode não comparecer. Na melhor das hipóteses, chegaria hoje e retornaria antes do jantar
oficial de amanhã. O governo
do Peru informou que o presidente Alan García também não
deverá comparecer.
Lula, segundo contou Vázquez, telefonou para se desculpar, alegou ordem médica de
descanso e prometeu visitar o
Uruguai em 20 ou 30 dias.
São esperados para hoje os
presidentes de México, Honduras, Espanha, Paraguai, Bolívia,
Venezuela, Colômbia, Equador
e Chile, além do premiê de Portugal, do rei espanhol e do vice-presidente da República Dominicana. Por Cuba, é aguardado
o vice-presidente Carlos Lage.
Outros líderes já estão na cidade, entre eles o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Com 22 membros, a cúpula ibero-americana se reúne há 16
anos para discutir temas de interesse de países da América
Latina, Portugal e Espanha.
Texto Anterior: Análise: Personagens da era Reagan saem do baú Próximo Texto: Argentina: Justiça processa Isabelita por cumplicidade na repressão Índice
|