São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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Oposição cobra de comissário renúncia por caso Jean Charles

Mas governo dá apoio para que Ian Blair fique no cargo

DA REDAÇÃO O principal partido de oposição e a imprensa do Reino Unido em peso pediram a renúncia do chefe da Polícia Metropolitana, Ian Blair, depois que a entidade foi considerada culpada no episódio que resultou na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em julho de 2005. Mas o governo britânico colocou em cena uma tropa de choque para defender a permanência do comissário no cargo.
Em carta à secretária do Interior, Jacqui Smith, David Davis, dono da pasta no gabinete paralelo, disse que a posição do comissário é "indefensável".
"Coloco nos mais fortes termos que a mais importante e mais imediata ação que a secretária do Interior pode e deve tomar, sob essas circunstâncias, é substituir Ian Blair por um comissário que pode comandar a autoconfiança da força, restaurar a confiança do público e proteger a segurança da nação", diz a carta, de acordo com o jornal britânico "The Guardian".
O Partido Liberal Democrata (oposição) também pediu a cabeça de Ian Blair, qualificando sua renúncia de "inevitável".
Em sua capa, o tablóide "Daily Mail" chamou o comissário de "homem sem honra" e disse que ele "se nega a fazer a única coisa decente". Já o "Evening Standard" apostou que "estão contados os dias" de Blair à frente da polícia. "Blair deve sair", resumiu o "Financial Times" em editorial.
A polícia britânica foi condenada a pagar uma multa equivalente a R$ 630 mil e as custas de processo após um júri considerar que a corporação pôs a segurança da população em risco na ação que culminou na morte do eletricista mineiro, confundido com um terrorista, com sete tiros na cabeça no metrô londrino. Mas o júri isentou quaisquer oficiais de responsabilidade pessoal pelo caso.
O conservador Davis enviou o carta após a secretária expressar apoio a Blair em ato público. Membros do governo disseram que o premiê Gordon Brown também apóia a permanência do comissário no cargo.
"Tenho confiança em Blair e na Polícia Metropolitana, que, sai dia, entra dia, enfrenta o desafio de manter o povo britânico seguro do terrorismo", afirmou Smith. "É meu dever e o de todo político responsável apoiar essas pessoas."
Ken Livingstone, o prefeito de Londres, somou-se às manifestações de apoio, chamando de "lixo" a pressão da imprensa pela renúncia do comissário. Ele disse ainda que o veredicto "desastroso" pode provocar hesitação nos oficiais e portanto prejudicar a estratégia de combate ao terrorismo.


Com agências internacionais


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