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Enchente arrasa sudeste do México
Governo mexicano estima em 900 mil os afetados no Estado de Tabasco; 300 mil esperam pelo resgate
Governador compara cheia
à tragédia do Katrina em Nova Orleans; presidente ordena que soldados e polícia previnam saques
DA REDAÇÃO
Equipes se esforçavam ontem para resgatar ao menos
300 mil pessoas que continuavam ilhadas nos tetos de edifícios, abrigos e terrenos mais altos das cidades do Estado de
Tabasco, no sudeste do México,
atingido pela pior enchente em
mais de 50 anos.
Cerca de 70% do Estado e
80% da capital, Villahermosa,
estão debaixo d'água, depois
das chuvas fortes que caíram
desde o domingo passado, informou o governo do Estado.
Ao menos 900 mil pessoas
-dos 2,1 milhões de habitantes- foram afetadas. Há ainda
100 mil atingidos no Estado vizinho de Chiapas.
Na noite de anteontem, um
dique se rompeu alagando Villahermosa, de onde parte da
população foi retirada. No centro histórico, que data de 1596,
sacos de areia tentavam, em
vão, proteger os monumentos.
O governador de Tabasco,
Andres Granier, comparou a situação à da cidade americana
Nova Orleans, devastada pelo
furacão Katrina em 2005: "Nova Orleans é pequenininho perto do que temos aqui. Perdemos 100% da colheita". Um gasoduto do Estado -que fica no
golfo do México e é pólo petroleiro- foi danificado.
Não há água potável ou comida suficientes para os desabrigados -7.500 soldados e policiais, além de helicópteros e
aviões, ajudam no trabalho.
Anteontem, em discurso na
TV, o presidente mexicano, Felipe Calderón, disse que a enchente "é um dos piores desastres naturais da história do
país" e pediu ajuda à população.
TVs e jornais fazem campanha
para arrecadar donativos.
Calderón cancelou viagem
que faria entre os dias 6 e 8 por
Panamá, Colombia e Perú, mas
irá à Cúpula Iberoamericana
no Chile, entre 8 e 10 deste mês.
Uma pessoa morreu e não há
número de desaparecidos, mas
são freqüentes depoimentos
em busca de parentes. "Saí de
casa sem um peso no bolso e
não consigo achar meus irmãos", disse Manuel González.
Como em Nova Orleans, a
preocupação do governo agora
é com saques e com o desespero
da população. Desabrigados relataram que grupos de assaltantes, em botes, estão pilhando casas e comércios em Villamhermosa. "Estão se aproveitando da desgraça das pessoas", disse José Morales Colorado, desabrigado da capital.
Na tarde de ontem, após uma
reunião em Tabasco, o presidente Calderón pediu calma à
população: "Delego as prerrogativas necessárias para que os
secretários da Defesa e da Marinha e da Polícia Federal
atuem para evitar saques". A
previsão para a região é de mais
chuva no fim de semana.
Furacão Noel
As enchentes em Tabasco,
freqüentes nesta época, não estão ligadas à passagem do furacão Noel pelo Caribe nesta semana. O furacão, que matou ao
menos 129 pessoas na República Dominicana e no Haiti, começou a perder força e deve
chegar à costa do Canadá hoje
como tempestade subtropical.
Com agências internacionais
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