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Republicanos advertem para "supermaioria" democrata
Se Obama vencer, partido dominará Executivo e Legislativo pela primeira vez em 13 anos
"Obama, Pelosi e Reid? Você quer esse trio mandando?", pergunta McCain, sobre atuais líderes democratas
no Congresso americano
Jason Reeds/Reuters
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Eleitores democratas assistem a comício de Obama em Missouri
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO (ILLINOIS)
O anúncio entrou no ar na última sexta, quando os norte-americanos celebraram o Dia
das Bruxas. "Eles estão chegando!", começa, com uma música
de terror ao fundo. Aparecem
na seqüência as fotos de Barack
Obama, Nancy Pelosi e Harry
Reid, respectivamente o candidato à Presidência, a presidente
do Congresso e o líder no Senado do Partido Democrata, hoje
na oposição a George W. Bush.
"Liberais repugnantes ameaçam tomar controle completo
de Washington", diz o locutor.
"Sem freios nem contrapesos,
com uma agenda esquerdizante tão assustadora que seus
efeitos serão sentidos por uma
geração." Esse é o último temor
vendido pela campanha do Partido Republicano, como esforço, na reta final, para mobilizar
os eleitores em direção à agremiação governista e seu candidato, John McCain.
Se Obama for eleito amanhã
e seu partido avançar na maioria que já detém na Câmara dos
Representantes (deputados federais) e no número de cadeiras no Senado, como mostram
as pesquisas, então os democratas terão controle do Executivo e do Legislativo pela primeira vez desde 1993, quando
Bill Clinton gozou desse privilégio por dois anos.
Isso não quer dizer que toda
lei ou mudança na legislação
propostas pelos democratas será automaticamente aprovada,
assim como não significa que a
agenda de um eventual governo
Obama seria aceita sem modificações. Mas facilita sobremaneira a implantação de um programa de governo.
Trio dos impostos
"Meu amigo e senador Lindsey Graham afetuosamente se
refere a Obama-Pelosi-Reid como o "trio dos impostos'", vem
dizendo McCain -na verdade,
Graham os chama de "trio dos
infernos". "Você quer esse trio
mandando no país? Aumentando seus impostos?", pergunta.
O argumento do republicano,
de que um Executivo e um Legislativo de partidos oponentes
é bom para manter o equilíbrio
de forças, geralmente encontra
apoio do eleitor americano.
Desde a eleição de Richard Nixon, em 1968, o ocupante da
Casa Branca e seu partido conseguiram essa sintonia apenas
durante o mandato do democrata Jimmy Carter (1977-1981), no período já citado de
Clinton e por quatro anos com
George W. Bush.
Nessa corrida, no entanto,
pesquisas apontam que a maioria dos eleitores prefere um
Congresso democrata se
McCain for eleito, mas não se
importa com a coincidência de
partido no comando dos dois
Poderes se o escolhido for Obama. Analistas apontam como
causas a situação econômica
atual e o excesso de poder dado
a Bush no período em que os republicanos dominaram também o Legislativo (2003-2007).
"Os fundamentos dessas eleições não poderiam ser mais
pró-democratas", disse Larry
Sabato, diretor do Centro de
Política da Universidade da
Virgínia. "Temos uma economia terrível, um presidente
profundamente impopular e
uma guerra impopular. Isso tudo junto deve produzir uma vitória democrata. A questão é:
quão grande será ela?"
À prova de obstrução
O problema para os republicanos é que as pesquisas apontam para um Congresso em que
não é impossível que os democratas tenham maioria à prova
de veto presidencial na Câmara
-ou seja, com mais de dois terços das cadeiras- e maioria à
prova de obstrução no Senado-com 60 das 100 vagas.
É que, nas eleições de amanhã, estão em jogo também todas as 435 cadeiras da Câmara e
35 das 100 vagas do Senado.
Das primeiras, cerca de 50 vêm
sendo consideradas como "em
jogo", no sentido de que podem
mudar de partido. Dessas, 41
são republicanas e apenas 9 são
democratas. Nas 35 corridas do
Senado, apenas 13 são consideradas "republicanas" sólidas.
"Nós estamos confiantes de
que vamos ampliar nossa vantagem no Senado", disse o senador Chuck Schumer, de Nova
York, que comanda as campanhas democratas para a Casa.
"Se vamos chegar a 60? Pode
ser." O "número mágico", como
é chamado no jargão político,
agilizaria a passagem de leis da
agenda democrata ao impedir
que republicanos tranquem a
pauta de votação.
Para completar o pesadelo
republicano, os democratas podem aumentar sua maioria
atual nos governos dos Estados.
Dos 50, 11 vão às urnas amanhã
para mudar o comando do Executivo local. São seis atualmente ocupados por democratas e
cinco por republicanos. Contados os votos, estima-se que os
primeiros ampliem sua vantagem, de atuais 28 Estados para
29, ganhando o Missouri.
Nem tudo são más notícias
para o partido de Bush, no entanto: mais da metade dos Legislativos estaduais que também realizam eleições amanhã
-79% dos Senados e Câmaras
estaduais fazem pleitos- deve
eleger maiorias republicanas.
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