São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Suicida detona bomba, matando 15 pessoas em Haifa, um dia após explosões causarem as outras mortes

Atentados matam ao menos 28 em Israel

France Presse
Investigadores de Israel observam destroços e vítimas de ônibus que foi explodido por suicida ontem em Haifa (Israel), matando 15


DA REDAÇÃO

Pelo menos 15 pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas na explosão de uma bomba em um ônibus por um suicida na cidade de Haifa (Israel). Esse foi o segundo atentado terrorista na região no fim de semana. Anteontem, duplo atentado suicida, seguido pela explosão de um carro-bomba, matou dez pessoas e feriu 180 no centro de Jerusalém.
Ao menos 28 pessoas morreram nos dois atentados, incluindo os três terroristas suicidas.
Os grupos extremistas palestinos Hamas e Jihad Islâmico reivindicaram os atentados que minaram a viagem do enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, Anthony Zinni, que passou a semana tentando negociar com palestinos e israelenses a retomada do diálogo pela paz.
O líder palestino Iasser Arafat decretou estado de emergência nos territórios sob controle da Autoridade Nacional Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, em viagem aos EUA, antecipou seu retorno a Israel após os atentados. Ontem ele se reuniu com o presidente norte-americano, George W. Bush.
Autoridades israelenses acusaram Arafat pelos atentados, pois, segundo Israel, ele não estaria agindo para combater o terror. A Autoridade Nacional Palestina condenou os atentados, mas criticou a postura de Israel.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse ter afirmado a Arafat que esses ataques não eram apenas contra Israel e os civis israelenses. Segundo Powell, os atentados eram contra a liderança de Arafat, que está sendo colocada em dúvida por autoridades israelenses e norte-americanas.

Ônibus
A explosão do ônibus em Haifa, que matou também árabes que vivem em Israel, aconteceu ontem às 12h de Israel em um subúrbio da cidade. O suicida, ainda não identificado, subiu no ônibus no ponto anterior ao local onde houve o atentado. Ele estava com a bomba presa ao corpo.
O motorista, que está internado com ferimentos leves, afirmou que o terrorista subiu no ônibus e pagou com uma nota de cinco shekels, a moeda israelense. Ele detonou a bomba após pedir o troco ao cobrador.
Em decorrência da explosão, o ônibus foi atirado a uma distância de 200 metros.
"Vi o ônibus descendo a colina e, de repente, aconteceu a explosão", afirmou Rachel Antebe, que presenciou o atentado. Outra testemunha, Yaakov Vaknin, disse ter visto "pessoas voando pelo ar". Dois corpos foram encontrados a vários metros de onde estava o ônibus.
Khaled Mechaal, dirigente do Hamas, afirmou em uma cidade próxima a Damasco, capital da Síria, que o grupo extremista possui pessoas dispostas a realizar atentados suicidas por um período de pelo menos 20 anos. Durante a semana, houve outros ataques -um deles também envolvendo a explosão de um ônibus-, assumidos pelo Hamas e pelo Jihad Islâmico.
Os dois grupos haviam dito que se vingariam da morte de alguns de seus líderes em ataques israelenses nas últimas semanas.
No atentado de sábado, em Jerusalém, dois homens detonaram bombas presas a seus corpos simultaneamente em um centro comercial da cidade. Vinte minutos mais tarde, um carro-bomba explodiu. Ao todo, além dos terroristas, dez pessoas, na maioria jovens, morreram.
No início da noite, quatro palestinos foram mortos em tiroteios com tropas israelenses, em Jenin, e um em Tulkarem. As duas cidades ficam na Cisjordânia.

Faixa de Gaza
Um guarda do banco israelense Hapoalim, na parte oriental de Jerusalém, matou ontem um palestino e feriu outro por razões desconhecidas, segundo Israel.
Na faixa de Gaza, um israelense foi morto após disparos de dois extremistas palestinos perto do assentamento judaico de Alei Sinai. Ambos foram mortos por militares israelenses. Mais tarde, também na faixa de Gaza, um palestino que teria atirado contra policiais de fronteira foi morto por militares israelenses.
Israel, que já estava realizando incursões nas cidades de Tulkarem e Jenin (sob administração palestina, na Cisjordânia), intensificou o estado de alerta na região. O policiamento foi aumentado em todas as ruas da área, e o trânsito de palestinos foi impedido.
Soldados israelenses cercaram todas as cidades palestinas e não estão permitindo que os habitantes entrem ou saiam.
Desde a eclosão da Intifada, o levante palestino contra a ocupação israelense, iniciado em setembro do ano passado, 736 palestinos e 222 israelenses foram mortos.

Com agências internacionais


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