São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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ATAQUES NO QUÊNIA

Analistas consideram comunicado similar a outros da rede

Mensagem indica autoria da Al Qaeda

DA REDAÇÃO

Um comunicado supostamente da rede terrorista Al Qaeda reivindicou ontem na internet os ataques contra um hotel e um avião israelenses no Quênia, na semana passada, com saldo de 13 mortos. Nos EUA, investigações indicam participação da organização.
Analistas afirmaram que o comunicado na internet inclui frases, termos e nomes similares a outros já usados pela rede, segundo o diário israelense "Haaretz". O comunicado foi divulgado no site www.azfalrasas.com e estava assinado pelo Escritório Político da Al Qaeda.
Porém os analistas disseram não ter condições de confirmar a autenticidade do comunicado atribuído à rede terrorista liderada pelo saudita Osama bin Laden.
O texto do comunicado diz que que alvos israelenses e americanos continuarão vulneráveis a novos ataques terroristas ao redor do mundo. Os muçulmanos também foram advertidos a não apoiarem uma ofensiva dos EUA contra o regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein.
"Os combatentes da Al Qaeda retornaram ao mesmo lugar onde a coalizão cruzado-judaica foi atingida há quatro anos", dizia o comunicado, fazendo referência aos atentados terroristas contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998.
Nos atentados no Quênia, na quinta-feira passada, três israelenses e dez quenianos foram mortos. Todos na explosão em um hotel de propriedade israelense perto de Mombaça, na costa queniana. Três terroristas suicidas morreram.
O outro ataque fracassou. Dois mísseis foram disparados contra um avião israelense que decolava de um aeroporto da mesma cidade, sem atingi-lo.
"Essas duas operações tiveram como objetivo matar qualquer sonho da coalizão cruzado-judaica de tentar resguardar seus interesses nessa região", acrescentava.
O comunicado pediu ainda que os muçulmanos africanos sigam os passos "dos heróis de Mombaça, que tentam evitar que essa região se torne um inferno sob a ocupação dos judeus e dos cruzados [termo utilizado pela Al Qaeda para designar os cristãos]". A reivindicação afirma ainda que a ocupação israelense nos territórios palestinos provocará sérias consequências "ao povo judeu".
Reforçando a tese de autoria da Al Qaeda, funcionários dos EUA disseram ontem que o tipo de míssil usado para tentar abater o avião israelense no Quênia era similar a outro que fracassou em tentativa de atingir um avião dos EUA na Arábia Saudita em maio, segundo a rede de TV CNN.
Os números de série dos mísseis seriam muito próximos, o que indica que eles tenham sido comprados no mercado negro ao mesmo tempo. Os mísseis são os SA-7, de fabricação soviética, produzidos nos anos 70.
Caso se comprove a ligação da Al Qaeda com os ataques, esses seriam os primeiros atentados da rede terrorista contra Israel.

Intifada
Quatro palestinos morreram em choques na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Entre os mortos, há uma adolescente palestina que morreu em choque entre jovens palestinos e soldados israelenses em Jenin (Cisjordânia). Apenas em uma das mortes não houve envolvimento de soldados israelenses.
Em Gaza, a FAO (organismo das Nações Unidas para agricultura e alimentação) acusou Israel de ter destruído nos ataques do fim de semana um prédio com US$ 270 mil em alimentos estocados que seriam direcionados para os palestinos. Segundo Israel, os andares superiores do prédio eram usados por grupos palestinos para atividades terroristas.


Com agências internacionais


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