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Para Celso Amorim, nações ricas têm concepção diferente do Haiti
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em audiência pública sobre a
missão de paz no Haiti, o ministro
Celso Amorim (Relações Exteriores) fez novas críticas às nações
desenvolvidas e disse acreditar
que a permanência das tropas
brasileiras naquele país será prorrogada. Também há a possibilidade do envio de mais homens.
Segundo Amorim, uma das dificuldades de atuação da Minustah
(Missão da ONU de Estabilização
no Haiti) é que, embora coloquem dinheiro, os países desenvolvidos têm uma concepção diferente do trabalho.
"Aquilo ali para eles é um problema de segurança, um problema de migração e de narcotráfico.
Então, na medida em que esses
problemas estejam assegurados,
com algumas tropas lá e a guarda
costeira tomando conta, essas outras questões que envolvem um
movimento financeiro de mais
longo prazo não se obtêm com facilidade", disse ele, no Senado.
Para o chanceler, não é possível
resolver os problemas de segurança do Haiti isoladamente da situação política, humanitária, social e econômica.
Ao estilo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Amorim
usou uma metáfora para dizer por
que países em desenvolvimento,
na sua visão, são mais solidários.
"Você vai no interior do Brasil e
vê gente pobre adotando crianças
enquanto as classes média e rica
são mais hesitantes."
O ministro afirmou que, pela
sua experiência na ONU, a Minustah será prorrogada. Já houve
uma prorrogação de seis meses,
até julho, mas, segundo Amorim,
o desejo era que esse prazo fosse
maior. Ele ressaltou que uma permanência maior das tropas vai
depender de as "coisas caminharem na direção certa". Para ele, há
possibilidade de enviar um batalhão de engenharia adicional.
Ao discorrer sobre as dificuldades enfrentadas no país do Caribe, o ministro afirmou que há
preocupação da comunidade internacional com a aplicação do
montante de U$ 1,2 bilhão doado.
"Para que haja uma confiança na
boa gestão dos recursos, é preciso
que o governo provisório aceite
algum nível de co-gestão, o que
não é fácil", disse ele. O próprio
premiê do Haiti, Gerard Latortue,
mencionou, segundo Amorim, a
corrupção como um problema
grave no país.
Amorim aproveitou para pedir
aos senadores que aprovem autorização para o Brasil tomar um
empréstimo-ponte no Banco
Mundial para o Haiti, no montante de US$ 150 milhões. "Como o
Haiti é inadimplente, não pode
pegar o empréstimo", disse. A
operação já teria o aval do Ministério da Fazenda.
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